24 Setembro 2017      11:34

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YOUNG MR. LINCOLN

"DESVIOS E RESPECTIVOS ATALHOS: FILMES, LIVROS E DISCOS"

Young Mr. Lincoln (1939), de John Ford e Henry Fonda (e ainda bem)

Filme de beleza inigualável. Filme de uma beleza difícil de aceitar. Inigualável pois não seria possível fazer o que se propôs fazer de forma mais eficaz, nesta Terra ou noutra, para este ou outro mito qualquer. Difícil de aceitar pois já não é possível fingir que não se encontra o irlandês católico, moralista por vocação, em cada plano. A luta por um outro olhar, para este espectador, enfim, finalmente perdida. No entanto, uma ode ao gigante Henry Fonda. Permite, ao menos, um sorriso tranquilo. John Wayne, por exemplo, outro dos parceiros de Ford (na verdade: o parceiro), põe o caso na fronteira do insuportável. É de justiça afirmar que é fronteira palpável, onde é possível colocar um pé em cada lado, dados os filmes, dado o realizador. Os valores de uma época e de um lugar específicos queriam-se, ainda se querem em certos sectores, universais, mas o Universo expandiu-se, os valores muito naturalmente ajustaram. Hollywood, um dos tais lugares, tanto esperneou que desapareceu. Deixou os valores por aí espalhados. Outras lutas, igualmente perdidas. As coisas são como são, já diziam (ainda dizem) os sábios populares. De certo modo, vemos apenas o que nos é permitido ver a cada momento... O filme, porque começou com um filme, enfim, esse é perfeito; é também, reiteramos, incomodativo. Vejo-o, ao que disse antes, como algo no limite da lógica. Estranha forma de falar sobre uma obra-prima absoluta.

 

Imagem de moma.org