3 Fevereiro 2021      12:25

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Sociedade Harmonia Eborense pede donativos em campanha de crowdfunding

A Sociedade Harmonia Eborense vai fazer 172 anos no próximo dia 23 de abril e corre o risco de fechar portas definitivamente, tendo lançado uma campanha de crowdfunding que permita estabilizar o funcionamento do estabelecimento.

De acordo com o Observador, em menos de uma semana, a campanha já reuniu cerca de 8.500 euros. A Sociedade suspendeu atividade em março do ano passado, tendo voltado a abrir em julho, mantendo alguma programação cultural, de exposições a exibições de filmes, com restrições de lotação (40 pessoas).

Entre artistas e sócios, em espírito voluntário, a casa resistiu, apesar de perdas financeiras mensais a rondar os 2500 euros. Contudo, com o segundo confinamento imposto no início deste ano, a renda alta do aluguer do espaço, as contas, a segurança social e o ordenado do único funcionário que recebe salário tornaram-se responsabilidades demasiado grandes para a sobrevivência da sociedade.

Pablo Daniel Vidal, presidente da sociedade desde 2019, afirma que “pensámos que isto ia melhorar mas não, a situação piorou. Podíamos ter reduzido a renda, mas isso seria acumular dívida. Além disso, mesmo estando fechados, continuamos a ter de pagar aquilo que é habitual. Se não fosse a campanha de crowdfunding que lançámos, não teríamos dinheiro para nos mantermos abertos. Teríamos de entregar a casa”.

Esta campanha, lançada pela SHE esta semana através da plataforma gofundme, foi da iniciativa da direção da sociedade. São entre 500 a 600 efetivos com quotas em dia, 10 mil sócios temporários e mais de 1400 com quotas em atraso. Não chega para o objetivo, mas tal não impede que seja alcançado, olhando para os números de donativos que estão a crescer.

Já perto de atingir os 8,5 mil euros, Pablo Daniel Vidal mostra estar confiante que o objetivo final dos 15 mil euros pedidos seja atingido. E, a partir daí, consegue-se uma folga durante mais 6 meses, mesmo sem qualquer atividade.

“Estamos confiantes, sim, ficámos surpreendidos com as mensagens e com o facto de conseguirmos juntar este valor em dois, três dias. Recebemos muitas mensagens de sócios a pedir que não fechássemos ou a demonstrar tristeza. Até me disseram que tinham conhecido a pessoa com quem vivem na Sociedade”, diz o responsável.

De acordo com um dos doadores, “a SHE é mais do que um espaço que compõe a nossa cidade, faz parte de todos aqueles que a esta cidade podem chamar de casa. Faz parte de todos nós, da nossa história e da nossa cultura. Está na altura de dar de volta, assim e só assim, fará parte do nosso futuro”.

Note-se que a SHE começou por ser frequentada pela burguesia no século XIX, mas cedo se transformou num lugar de encontros boémios, entre novos e velhos, estudantes, gente da terra e rampa de lançamento para novos artistas. Uma verdadeira “casa aberta”, que passou a ter o estatuto de Instituição de Utilidade Pública em 2015 e foi, três anos depois, reconhecida como a primeira entidade de Interesse Histórico e Cultural ou Social local de Évora.

Segundo Pablo Daniel Vidal, “a SHE mantém-se pela força do voluntariado, se fosse privado, não estava aberto, um empresário não pode estar a perder dinheiro ou estar fechado. Mas aqui a ideia não é ganhar dinheiro, é dinamizar a cultura”.

 

Fotografia de observador.com