17 Abril 2016      11:16

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SER PRINCESA EM TEMPO DE GUERRA

"PALAVRAS SOLTAS"

No mundo que  celebra, a nível internacional o dia da mulher como se de repente a figura feminina fosse elevada à estratosfera, esquece-se muita coisa e pior…. Esquecem-se muitas mulheres!

Aceitem celebrar este dia, aceitem as flores que vos dão, aceitem as mensagens de feliz dia da mulher, aceitem as imagens bonitas que o Facebook vos coloca ao dispor nesse dia… Mas queridas, aceitem também a inutilidade do dia da mulher!

Os homens não nascem superiores, nem as mulheres se devem tentar reger pela superioridade feminina! Até mesmo este conceito de ser capaz… O que é afinal ser capaz? Será que ser capaz é ter a necessidade de mostrar ao mundo que de facto o somos? Somos capazes, sim, somos, mas também somos frágeis, também precisamos de um ombro para chorar, também sentimos medo. Mulher não é a criatura forte, independente e mitológica. Mulher não tem de ser capaz de aguentar tudo e de carregar o mundo às costas! Podemos ser fortes e também cair por terra! Podemos ser guerreiras e perder algumas batalhas! E não existe mal nenhum nisso! Não existe mal nenhum no facto de sermos inteligentes, poderosas, frágeis, amorosas e de termos receios.

Mas se de facto somos capazes, como eu acredito que somos, de que nos serve andarmos a celebrar um dia que só nos distancia dos homens? Querer igualdade não é querer leis de proteção, não é querer a confortável posição de mulher e abrigar-nos à sombra dela. Tu, sim tu, tu podes ser mais forte do que qualquer homem! Mas também podes ser fraca! E a sociedade tem de aceitar-te com os teus defeitos e com as tuas qualidades. Aceitar-te a ti e aos homens! Não sobrevalorizar-te!

Só é sobrevalorizada, aquela que se deixa levar pela tentação de ser glorificada. É tão bom e gratificante sentirmos que somos melhores do que alguém, sentirmos que somos especiais… Nem que seja só pelo facto de sermos mulheres, não é? Contudo, eu ainda pulo de alegria quando vejo que há mulheres a quem não lhes basta ser mulheres! Mulheres que agarram numa caneta com a força do mundo na sua mão e com o colossal poder da inteligência na sua mente! Mulheres que partem para um país sem nome e cujo rosto surge diariamente nas noticias de jornais que nada fazem para mudar essa situação! Mulheres que decidem pintar o cabelo de cor-de-rosa e que ouvem metal! Mulheres dessas para as quais não chega ser mulher! Mulheres que diariamente têm a coragem de serem simplesmente humanas! E ser humano é tão melhor do que ser homem ou mulher! No dia em que me chamem humana, rir-me-ei, com um riso que irá abalar as estruturas dos edifícios e da sociedade, certamente!

Eu quero viver! Lutar contra as violações, contra o assédio, contra a desigualdade, contra a fome, contra a pobreza! Mas não é a seguir o coitadismo nem a deitar-me na sombra do status de ser mulher que o vou conseguir! Ser capaz é reagir, é atuar, é quebrar as fronteiras… Portanto meus caros, não criem o dia da mulher, criem o dia do humanismo!

 

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