24 Outubro 2017      17:10

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RODJA: SINÓNIMO DE LIBERDADE

Foi há poucos dias que conheci o significado do nome de Rojda Felat.

Defensora das liberdades perdidas, merece que dediquemos alguns minutos, para melhor a conhecermos.

Mulher de origem curda, comandante das Forças Democráticas da Síria (FDS), exército de mais de 10 mil homens e mulheres, chefiou a tomada de Raqqa ao Daesh. Com cerca de 37 anos, combatente pela liberdade e representante das mulheres livres, aparece-nos sem o lenço a cobrir a cabeça e trajando uniforme militar. É “apenas” uma muçulmana livre.

Ao travar, e ganhar, a batalha por Raqqa, combate, igualmente, pelos direitos das mulheres islâmicas.

Mas Rojda é só uma das muitas mulheres que, integrando um exército armado, lutam pelas suas liberdades e pelos direitos dos seus povos.

Asia Ramazan, morta aos 19 anos, em combate; Nesrin Abdalla, comandante das Unidades Femininas de Proteção (YPJ); Zilan Diyar, activista feminina curda………não são apenas nomes. São mulheres que dão a cara pelos ideais em que acreditam, mulheres que se sacrificam pela liberdade, mulheres que nos representam e que merecem o nosso reconhecimento. Se não podermos fazer mais nada, então falemos delas.

Perpetuando o simbolismo de batalhas que, algumas tardam em ser ganhas, na luta contra a barbárie, onde a mulher ainda é propriedade dos homens, disponibilizam a sua juventude, dão as suas vidas, esperando apenas ganhar a liberdade e a dignidade a que têm direito.

Ao encararem a dor e o sofrimento quase como uma forma de arte, pois com elas coabitam diariamente, superam-se. O som dos seus pensamentos continua a ecoar pelas montanhas e desertos da Síria, Irão, Iraque, Arménia e Curdistão. Só não o ouve quem não quer.

Estando fora do seu tempo, num tempo em que as ações e os pensamentos são, frequentemente, diagnosticados e questionados, assumem a coragem da esperança.

Ao se declararem integrantes de uma causa, ao lutarem pela globalização de certas cognições, dão rosto a reflexões, muitas vezes de difícil consolidação.

Se “perdermos” algum tempo a deslocar o nosso olhar, para onde ainda não se presta muita atenção, para lugares longínquos que até no Atlas são difíceis de encontrar, e se consideramos, determinados assuntos como não integrantes só por se localizarem para lá dos Urais, podemos ter a certeza que, só por si, eles não desaparecerão. Por mais que os ignoremos , estão para durar

Se pensarmos que os pensamentos se constroem na diferença, que venham muitas Rojdas para nos servirem de inspiração.

Na capa, Rodja Felat, de Joey L