6 Janeiro 2016      16:15

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QUE 2016 NOS TRAGA MENOS IDIOTAS

SEM MEIAS NEM PEIAS

À Luz dos nossos dias, a palavra idiota está associada a um significado depreciativo para caracterizar uma pessoa que se mostra incapaz de coordenar ideias, que manifesta estupidez.

Popularmente, um idiota é um indivíduo tolo, imbecil, estúpido, parvo, pateta, ou seja, desprovido de inteligência e de bom senso.

No entanto, na acepção original, o termo idiota não tinha o mesmo significado que atribuímos atualmente. Esta palavra nasceu na Grécia antiga para nominar aquelas pessoas que não estavam integradas na polis grega. No fundo, caracterizava todos aqueles que não se interessavam ou não participavam nos assuntos públicos e só se ocupavam de si próprios. Esta maneira de estar, na antiga vida pública grega (e também romana), era desaprovada e estigmatizada, uma vez que os assuntos públicos eram considerados de grande importância e relevância. Logo, naquela época, a palavra tornou-se um insulto entre os homens livres e talvez por isso, também, tenha evoluído até aos nossos dias como um adjetivo depreciativo.

Na prática e segundo a etimologia da palavra grega “idiótes” ou se é político ou idiota. E trago este assunto a propósito do quê?

O viver em sociedade implica que a discussão política se faça com todos, é indispensável a participação de todos para assegurar o bem comum. Portanto, exige-se a presença de todos os interessados. Os ausentes nunca têm razão. Embora, pudessem estar com alguma razão, eles a perdem pelo facto de se ausentarem. É por isso, que considero, que a cada ato eleitoral os abstencionistas se colocam confortavelmente ao lado do(s) vencedor(es).

Por outro lado, é irresistível a comparação. Para os gregos da antiguidade clássica era idiota aquele que preenchendo as prerrogativas para participar da vida pública na polis abdicava de fazê-lo. Hoje, são idiotas aqueles que se empolgam com os assuntos políticos e com a causa pública, pelo que interessar-se por política, para muitos, não é normal.

Sim, precisamos de uma democracia menos idiota e mais participativa. Precisamos de uma sociedade com pessoas que pensem e questionem mais. Um mundo com pessoas mais autocríticas, mais assertivas, que invistam mais tempo e energia na construção e aperfeiçoamento dos valores democráticos entorno da causa pública e do bem-estar comum.

Bem sei que somos assolados por um desânimo latente instalado na sociedade, levados pelo cansaço, pela saturação, pelo desencantamento em relação à política dos partidos.

Inverter o desalento e fazer com que a política se torne divertida, animada e interessante é um verdadeiro desafio nos nossos dias.

Não abdique da política, não se abstenha nos atos eleitorais, a participação é a força vital da democracia.

Termino desejando um ótimo ano de 2016, na esperança, porém, de que cada um de nós coloque o foco no outro.

Bem hajam.

Imagem de capa daqui.