5 Julho 2016      13:18

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POSICIONAR A UE NO PÓS-BREXIT

Mais que acusações ou trocas de “galhardetes” entre os vários intervenientes do brexit, é necessário posicionar a UE nesta nova conjuntura que poderá significar um novo começo, ou tal como muitos agoiram, o principio do fim do bloco europeu. O atual cenário é novidade, e discute-se quem terá mais a perder, a UE, que apesar de todos os seus problemas estruturais é o maior mercado mundial, ou o Reino Unido, uma das maiores potências mundiais e a 2º maior economia europeia. Ainda assim, a UE terá de corrigir os seus problemas e iniciar uma fase de reforma para que este não se torne no temido efeito dominó.

Primeiramente, há que controlar a onda populista e xenófoba que cresce na UE e lembrar que é precisamente o oposto aquilo que se trata o projeto político europeu. É a liberdade de movimento e a multiculturalidade que fortalecem a UE e não o contrário, símbolo da tolerância e um antídoto para os problemas demográficos que já se fazem sentir e cada vez se tornarão piores. Esta parte é muito importante, a solidez das contas nacionais dependem dos emigrantes, desde as reformas aos sistemas nacionais de saúde. A UE não é apenas uma conveniência económica entre vários países, é um estandarte contra o nacionalismo, militarismo e toda a raiva que provocou 2 guerras mundiais. Seguidamente, o processo de separação deverá ser concluído o mais rápido possível, ainda assim, as relações políticas e económicas deverão ser preservadas (estimuladas),  não esquecendo a influência britânica no mundo. Tumultos nos mercados causados por inflexibilidade são prejudiciais para os dois lados, e afirmações desconectadas da realidade não ajudam, como a questão do inglês deixar de ser uma língua oficial da UE, protagonizadas por Danuta Hubner, Presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu. Já não haverá casamento, mas uma relação de amigos com benefícios é o melhor caminho a seguir. O Reino Unido está dividido, sem líder e a sofrer já algumas consequências económicas, sendo que a normalização das relações com a UE significa construir um caminho alternativo baseado na abertura, respeito e beneficio mútuo, exatamente as bases que estabeleceram a União.

Para além da questão britânica, a UE terá seriamente de repensar o seu modelo de relacionamento entre as várias nações que a compõem. A Europa rege-se por aquilo que parecem diferentes associações de países, com diferentes objetivos, o que por sua vez cria círculos de autoritarismo (muitos dividem o norte, centro e sul europeu). Nestes círculos, os mais fracos que decidam ir contra os desejos dos mais fortes são severamente sancionados o que mina a confiança naquele que deve ser um espaço de partilha e objetivos comuns. A divergência de intenções é aquilo que está a corroer a UE por dentro e poderá ser a principal razão da sua desintegração, até mais que o euro, ao contrário do que muitos defendem.

Cada vez mais parece ser a união política o caminho a seguir, isto é, para aqueles que ainda acreditam na UE como melhor resposta para as aspirações dos países europeus...

Imagem daqui.