Após o cancelamento do Estado dos contratos de prospecção e exploração de petróleo no Algarve com a Portfuel e com o consórcio Repsol/Partex, é a vez do Litoral Alentejano contestar a mais que provável exploração de hidrocarbonetos na costa alentejana em 2017.
O aviso foi feito ao governo pelo recentemente criado Alentejo Litoral pelo Ambiente (ALA): os contratos de prospeção e exploração de hidrocarbonetos na costa alentejana devem ser rescindidos porque "estão em causa as condições de vida das comunidades locais e das actividades económicas dessas comunidades" e que em alternativa o Estado deve procurar "uma política energética assente nas energias renováveis, de acordo com as estratégias de desenvolvimento sustentável regionais e nacionais e dos acordos internacionais celebrados".
Para o eurodeputado alentejano Carlos Zorrinho a questão revela como a transição energética está a refletir-se nas escolhas económicas, mas também nas percepções sociais das populações. "Ainda há uma década o sonho de qualquer Região seria encontrar Petróleo. Tudo se resumia na célebre ideia/desejo de que havia petróleo no Beato. Hoje, aparentemente, ninguém quer encontrar petróleo ou outros combustíveis fósseis, nem no Beato nem noutro sítio qualquer."
O eurodeputado alerta para a necessidade de "fazer a avaliação concreta dos custos benefícios e dos compromissos contratuais assumidos" mas sublinha que "a preservação do ambiente e da qualidade de vida é uma prioridade. Isso não implica o fim da prospeção e extração de combustíveis fosseis, mas sim que ela só deve ser feita quando for social, económica e ambientalmente sustentável."
Mas para o eurodeputado o sector do petróleo está longe de ser obsoleto. "O Petróleo e os outros hidrocarbonetos continuarão a ser muito valorizados no futuro, menos como combustíveis e mais como matérias-primas de elevado valor nos processos de produção de novos materiais e compostos."
O debate parece assim estar para durar.