15 Junho 2016      13:03

Está aqui

OPORTUNIDADE IRÃO

Devido a circunstâncias recentes, são poucos os que conhecem devidamente a importância das relações entre Portugal e Irão, uma relação bilateral tão antiga como as mais antigas que o nosso país possui.  A partir do Séc. XVI, as relações luso-persas eram assinaladas por um considerável tráfico comercial, e onde havia cooperação na área militar (na defesa contra o Império Otomano), na construção naval e no estabelecimento de religiosos portugueses em território persa.

Estes factos tornam Portugal não num desconhecido, mas sim num profundo conhecedor daquela região do globo, da sua diversidade étnica, linguística e religiosa. Esta é assim uma relação bilateral especial, e graças à conjuntura geopolítica atual, é também contemplada de um enorme potencial. O Irão abre de novo as portas ao investimento estrangeiro, depois de décadas de sanções económicas internacionais, em grande medida provocadas pelo programa nuclear, que minaram o desenvolvimento iraniano e impediram as reformas necessárias para deixar para trás a híper dependência do petróleo.

As boas relações com Portugal garantem para já a oportunidade de penetrar mais facilmente num mercado em rápida expansão, sendo que a crescente importância desta questão ficou comprovada com a visita do Secretário de Estado da Internacionalização no passado mês de Maio e pela abertura da delegação comercial da AICEP em Teerão. Mas que tem o Irão para oferecer aos empresários lusos? Primeiramente petróleo, o Irão é o 4º maior produtor de petróleo a nível global, e no passado, já foi um dos principais fornecedores do nosso mercado doméstico. O turismo é outro dos sectores que suscita mais interesse de investimento, considerando o continuo aumento de turistas no país e os relatos de segurança e da existência de um povo hospitaleiro. A agricultura também participa com uma porção importante na economia iraniana, principalmente os pistácios, o açafrão e o mel (maior produtor mundial). Este é um dos sectores que mais beneficia com o fim das sanções ao Irão, o qual regista uma evolução bastante positiva, juntamente com o da construção civil. Os portugueses poderão ainda espreitar oportunidades nas TIC, ainda para mais com a realização da Web Summit em Lisboa, e com todo o interesse gerado pelas start-ups, que poderão encontrar no Irão um mercado com potencial para concretizar economias de escala.

Os 80 milhões de consumidores fazem do Irão o maior mercado daquela região, e é exatamente por aqui que a abordagem para com os iranianos deve começar, mas deverá ser um passo que terá de culminar com a captação de investimento para o nosso país. A intensificação das trocas comerciais significará colocar Portugal na rota do capital iraniano, e como se sabe, Portugal necessita urgentemente de uma injeção de IDE. O estável clima político e social, a excelente rede de infraestruturas e a existência de uma geração altamente qualificada, fazem de Portugal uma plataforma de investimento de grandes condições para qualquer investidor internacional, no qual se inclui as empresas iranianas.

A reconstrução económica do Irão pode significar para Portugal mais um elemento critico na sua própria recuperação, num momento em que o nosso tecido económico se internacionaliza cada vez mais. O know-how e a excelência dos nossos produtos e serviços pode significar um novo aproximar a uma região que há algum tempo saiu do nosso radar.

Imagem daqui.