23 Março 2016      08:54

Está aqui

OBRIGADO RUI! OBRIGADO ANA! OBRIGADO SARA!

"ECONOMICAMENTE FALANDO"

No último fim-de-semana celebrou-se mais um Dia do Pai. Para todos aqueles que têm filhos, este dia é sempre especial. E embora não seja o motivo principal pelo que gosto do dia, confesso que fico sempre na expectativa de ver as lembranças que têm para mim. Não por serem presentes, mas sim porque são sempre lembranças feitas pelas mãozinhas deles. Na verdade, gosto de usar e expor tudo o que me vão oferecendo neste dia. Desde os primeiros desenhos (que estão na parede do escritório – mesma divisão onde tenho os meus diplomas), à fita de porta-chaves que o Rui me fez mais ou menos com a idade da Sara (que só já não é utilizada porque, devido exatamente ao seu uso, se rasgou) ou ao porta-chaves que a Ana me deu, há dois anos, com o Pai desenhado (e que, também devido ao uso, já não se vê o Pai – apenas o nome dela e a data).

E agora a relação entre paternidade e Economia: tal como a maior parte das coisas da vida, também a paternidade envolve um custo. Sim, leu bem: ser Pai tem custos. E não, não estou a falar de custos (necessariamente) financeiros.

Algures em crónicas anteriores identifiquei o objetivo da Economia: uma ciência que estuda a forma como os agentes afetam os seus recursos, para fazerem as suas escolhas, com o objetivo de maximizar a utilidade. Ao fazerem essas escolhas, desistem de outras coisas. De entre tudo aquilo de que desiste um agente, a melhor das alternativas de que abdicou, é o custo de oportunidade. E é por isso que ser Pai tem custos.

Faço diversas atividades com os meus filhos: vou aos treinos dos que praticam desportos, aos jogos, brinco com eles, vou buscá-los à escola e à creche, passeio com eles, de vez em quando vamos ao parque, com menos frequência ao cinema. Aliás, como faz a maior dos Pais. E para fazer essas atividades, deixo de fazer outras: ver televisão, trabalhar, jogar sozinho, ler, às vezes até descansar. Aliás, como faz a maior parte dos Pais… E o facto de desistir de fazer outras coisas significa que tenho um custo de oportunidade.

Nas minhas aulas sobre o custo de oportunidade dou este e outros exemplos semelhantes, para demonstrar que até as atividades do dia-a-dia implicam custos. E depois pergunto aos alunos: “Então se tudo tem um custo, porque é que fazemos essas coisas?” Geralmente a resposta é… o silêncio! A verdade é que tudo o que fazemos tem um custo, mas porque escolhemos algo que é melhor para nós, o benefício é superior a esse custo. E no caso da paternidade, meus amigos e leitores, o benefício é MUITO MAIOR! E isto tudo pode resumir-se a uma única expressão:

 

Ser Pai tem custo (de oportunidade). Mas não tem preço!

 

Deixo aqui os últimos parágrafos do meu livro “Economia explicada ao meu filho”. Para quem não sabe, o livro é escrito em diálogo. Entre parêntesis aparece a indicação da personagem que fala:

 

(Filho) E tenho aprendido muito contigo…

(Pai) Ainda bem. Pois não há nada que pague isso filho. E, como vês, não tem um custo financeiro. Apenas o tempo que podia ter estado a fazer outra coisa qualquer. Mas que é muito melhor estar contigo.

(Filho) Pai…

(Pai) Diz filho!

(Filho) Gosto muito de ti…

 

Obrigado Rui! Obrigado Ana! Obrigado Sara! Esta crónica é vossa, meus amores…

 

Post Scriptum: um abraço especial ao Duarte…

 

Imagem daqui