15 Fevereiro 2017      11:18

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O TRIUNFO DA MEDIOCRIDADE

Ao nosso tempo, a transformação da realidade, de factos e evidências resulta na mais maléfica e evidente manifestação de louvor à “meritocracia da mediocridade”, segundo a qual tudo se reduz à conciliação de meros interesses individuais, sustentados por perspetivas subjetivas. Nunca, como agora, se viu tamanha recompensa à mediocridade e tamanho culto às regalias mais execráveis.

Não é por acaso que a subserviência demente e dependência total do poder político dá ânimo à mediocridade. Na prática, o desprezo e o preconceito insano para com aqueles que se esmeram em ser competentes expõe os comportamentos indecentes ou simplesmente fraudulentos dos que procuram apenas a depreciação do mérito.

Pior! Não é por acaso que a mediocridade é soberba e rancorosa para com aqueles que, por compromisso ou obstinação, se empenharam profundamente, às vezes à custa de sacrifício pessoal, para alcançar metas e objetivos ou apenas autossuperação.

Aliás, numa sociedade baseada na exaltação de uns e desvalorização ou humilhação de outros, o rancor é um poderoso tonificante aglutinador, sendo que o desprezo e o comportamento arrogante não são mais do que produto de incapacidade intelectual e fraqueza de espírito. Não se estranha, assim, que haja uma predestinação dos medíocres para se tornarem mais “espertos” do que “experts”.

Sem dúvida, que em alguns casos, o que mais impressiona é o envolvimento de personalidades (supostamente confiáveis!) que, através do silêncio ou inação, validam e legitimam atos deploráveis e opostos à razão a troco da perpetuidade da sua influência e privilégios.

Também, é interessante observar que, embora eleitos pelo voto popular iludido, os medíocres, invariavelmente, chegam ao topo pelas mãos do poder económico. Não por competência, mas porque são os mais propensos e dados a manipulações.

Na verdade, a mediocridade detesta a liderança. Não combina nem nunca combinará com a liderança, a mediocridade subentende: manda quem pode e obedece cegamente quem muito procura poder.

A apologia à mediocridade é tão-somente apreciada pelos medíocres e a sua preconização apenas justifica a irresponsabilidade moral dos atos praticados. Talvez, haja nela um secreto desejo de conciliação dos interesses próprios com os dos outros, pois se der mostras que dá para todos, passa por democrático.

Porém, o pior castigo para a mediocridade é ser exposta, mas, até ser descoberta, agraciar quem não merece desmerece quem tem mérito.

Quanto aos medíocres? Admito que eles acreditam que um dia serão presidentes, exemplo disso é Donald Trump, mas poderia referir tantos outros...