19 Março 2017      13:49

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O ASSASSINATO DE LEE HARVEY OSWALD

"DESVIOS E RESPECTIVOS ATALHOS: FILMES, LIVROS E DISCOS"

Robert Jackson: O Assassinato de Lee Harvey Oswald por Jack Ruby (Prémio Pulitzer 1964)

Dizem que as imagens podem ser ilusórias. Que para o perceber basta fechar os olhos depois de ter lhes ter dado tempo suficiente para ver. Quem sabe se duplamente ilusórias, e assim a verdade que nos resta – Derradeira ironia. Seja como for, agora convém voltar a abrir os olhos.

11.21 horas, 24 de novembro de 1963…

Quem é o culpado?

Conto pelo menos catorze pares de olhos que nada fazem para evitar a execução sumária. Têm, todos (?), a vantagem moral de se encontrarem perante um acontecimento inesperado. Um homem, visivelmente sovado, aguarda a provável morte com um esgar (que supomos ainda grito). Há um homem de mão esticada, algures entre o assassino e o assassinado, com o propósito de intervir, mas não ao ponto deixar cair o charuto que segura com a outra mão; o charuto mantém-se na boca. Podemos dizer que alguns são olhares de espanto, e certamente são, mas outros, por outro lado, parecem indiferentes. E um deles, cujo trejeito mais próximo aparenta estar do espanto, bem vistas as coisas, fechados e abertos os olhos em sequência lenta, afinal revela-se uma expressão de satisfação mal dissimulada, de alguém que vê cumprida a ambição de justiça, emoção primária - e também típica. De volta ao homem do charuto, é possível imaginar uma inaudita fumaça por parte de alguém que não se deixa impressionar facilmente. Nenhum deles, aliás - São da cepa do outro sul, o dos desertos; verticalidade de quem começou só em terra hostil e agora está em maioria. Ao assassino, apanhado no preciso momento do acto, vemo-lo por trás, não tem olhar, não tem… âmago, dele apenas vale isso mesmo, o acto. Não sabemos por que razão o fez. Talvez tenha resolvido um problema que, de outro modo, não teria solução viável.

Chamo-lhe assassino, mas poucos o vão reconhecer como tal daí para a frente, o nome é  Ruby. (Uma batota: uma imagem é o presente da contemplação mas também o futuro que tantas vezes lhe conhecemos.) Ao contrário do assassinado, esse sim, assassino de renome, Lee Oswald. Atirador genial. A quem ousam reconhecer a capacidade para tiros virtualmente impossíveis. Mas olho para ele e a primeira palavra que me vem à mente é Patsy. A imagem da sua morte [imolação] iminente é também a consubstanciação das várias hipóteses no que não sei, nem tenho em rigor como saber, se Oswald tinha: razão naquilo que disse após a sua detenção. Isto é, se era inocente do assassinato de JFK.

 

Imagem 9.fotos.web.sapo.io