14 Janeiro 2020      09:26

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Música Checa abre em Vidigueira a temporada do Festival Terras sem Sombra

O grupo Tiburtina Ensemble apresenta-se na Igreja Matriz de São Cucufate, em Vila de Frades (Vidigueira), no próximo dia 18 de janeiro, pelas 21h30.

Oportunidade rara para ouvir um dos melhores grupos europeus na interpretação de música antiga. O concelho alentejano de Vidigueira recebe a 18 deste mês (21h30), o primeiro concerto da temporada musical do Festival Terras sem Sombra. O ato inaugural propõe um programa exclusivamente dedicado a Hildegarda de Bingen, com o grupo coral Tiburtina Ensemble, de Praga, composto integralmente por cantoras. Sob a direção da soprano e harpista Barbora Kabátková, o agrupamento checo interpretará obras daquela compositora do século XII em Vila de Frades, na igreja de São Cucufate e uma das catedrais do Cante.

O programa intitula-se justamente Harmonia Cælestis: A Corte Divina na Obra de Hildegarda de Bingen. As vozes de timbre e expressividade inconfundíveis deste ensemble serão acompanhadas pela harpa medieval, o que promete tornar-se uma experiência única, em clave feminina, numa terra que é uma referência do Cante Alentejano, de marcado caráter masculino. Este é o primeiro de cinco concertos em terras alentejanas com intérpretes checos (Trio Smetana, Musica Florea, Clarinet Factory e Monika Streitová) que apresentam repertórios de excelência em diversos géneros musicais, cobrindo um âmbito cronológico que se estende do século XII à atualidade.

Nas palavras do diretor artístico do Festival, Juan Ángel Vela del Campo, “os checos arribam com as suas malas carregadas de cultura musical, com as suas expectativas profissionais, com a sua brilhante experiência histórica, com a sua maneira de sentir a arte e a vida. Estamos cheios de sorte!”. A presença da República Checa, país convidado nesta 16.ª edição, é mais um capítulo na internacionalização do Festival, que conta também com grupos e solistas vindos de Espanha, Hungria e Bélgica, depois da relevante presença musical dos Estados Unidos e da Hungria, países convidados em edições anteriores.

O programa desta 16.ª temporada estende-se até julho de 2020 e contempla, além da música, ações de visita ao património e de salvaguarda da biodiversidade. A presente edição do Terras sem Sombra leva-nos numa viagem pelas paisagens materiais e imateriais e as suas interações, chave para a compreensão do espírito de cada um dos lugares percorridos. Desta feita, no âmbito do Património, está prevista para o dia 18, em Vila de Frades, na Vidigueira (15h00), uma visita guiada ao Sítio Arqueológico de São Cucufate. Classificado como Monumento Nacional, este Sítio guarda memórias de uma villa romana do século I que, até ao século IV, se foi monumentalizando. Embora com descontinuidades, transformações e adaptações, a ocupação do espaço perdurou até aos finais do século XVIII. A valorização dos recursos culturais e naturais e a sensibilização das comunidades para a sua proteção e valorização têm sido grandes prioridades do Festival Terras sem Sombra desde há alguns anos.

A programação no âmbito da salvaguarda da biodiversidade propõe uma itinerância através de pontos-chave da geografia alentejana, abordando os seus recursos endógenos. A 19 de janeiro, em Vidigueira, o encontro está marcado para as 9h30, com saída da Praça da República, para uma visita aos laranjais do concelho. O objetivo é conhecer as especificidades da laranja da Vidigueira, saber como defendê-la, valorizá-la e promovê-la, nomeadamente através da sua utilização na gastronomia, na doçaria e no fabrico de licores.

Festival Terras sem Sombra

O Festival Terras sem Sombra, promovido pela Associação Pedra Angular, é uma iniciativa da sociedade civil que visa dar a conhecer a um público alargado um território, o Alentejo, que sobressai pelos valores ambientais, culturais e paisagísticos e apresenta um dos melhores índices de preservação da Europa. A valorização dos recursos patrimoniais e a sensibilização das comunidades locais para a sua salvaguarda e valorização constituem as grandes prioridades do Festival.

Uma iniciativa que defende a inclusão social e territorial, atuando em rede, a partir de um conjunto de parcerias com as “forças vivas” do território.

Em 2020, a 16.ª temporada do Terras sem Sombra decorrerá entre janeiro e julho, mantendo a sua programação centrada na música clássica, património e biodiversidade. O Festival vai percorrer os concelhos de Vidigueira, Barrancos, Mértola, Arraiolos, Viana do Alentejo, Beja, Ferreira do Alentejo, Castelo de Vide, Sines, Alter do Chão, Santiago do Cacém e Odemira. A Pedra Angular é uma associação cultural e científica, sem fins lucrativos, fundada em 1996.

Tem por objetivo o estudo, salvaguarda e valorização do património ambiental, cultural e científico do Alentejo, com realce para os monumentos, paisagens, sítios, museus, coleções, bibliotecas, arquivos, galerias e bens culturais imateriais. Dos seus estatutos faz parte, igualmente, contribuir para a dinamização e irradiação deste território, em particular nos domínios da criação e da programação artísticas, da conservação da biodiversidade, da inovação tecnológica, da divulgação científica e do apoio social.