18 Janeiro 2021      10:19

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Museu do Relógio de Serpa e Évora com prejuízos de 20 mil euros

Eugénio Tavares de Almeida, diretor e proprietário do Museu do Relógio

O Museu do Relógio no Convento do Mosteirinho, em Serpa, e no polo de Évora, encerrados entre 17 de março e 27 maio, “sem qualquer visitante ou volume de faturação” devido à pandemia de covid-19, acumularam prejuízos a rondar os 20 mil euros.

Em declarações à Rádio Pax, Eugénio Tavares de Almeida, diretor e proprietário do museu, afirma que “ninguém estava preparado para esta pandemia. Os prejuízos são, lamentavelmente, avultados”. Durante a primeira fase de confinamento, enquanto o espaço museológico esteve encerrado, o museu foi pintado, o sistema de iluminação melhorado e uma sala foi totalmente restaurada. A expetativa era que, aquando da reabertura, o fluxo turístico pudesse atenuar os prejuízos, o que não aconteceu.

Apesar de tudo, o responsável garante que os oito postos de trabalho continuam a ser mantidos: “vamos ter de tomar algumas decisões no primeiro trimestre deste ano. Se tivermos de fazer despedimentos, a qualidade nos nossos serviços de excelência poderá estar em causa”, acrescenta Eugénio Tavares de Almeida.

Ainda segundo o diretor, o museu continua a laborar, o problema é que, sem turistas, as receitas são insuficientes. “Temos os colaboradores a fazer restauros, reparações, manutenções diárias, trabalho de museografia e pesquisa. O museu até vai tendo alguma receita, mas não é a suficiente para cobrir todos os custos. Os prejuízos têm vindo a aumentar”, destaca.

“Em ambos os espaços, recebíamos cerca de 500 visitantes por mês, neste momento estamos a receber 30”, exemplifica Eugénio Tavares de Almeida, sublinhando que estes números não incluem o público escolar, este ano reduzido a zero, nem as crianças que ainda não têm idade para pagar ingresso. “Recebíamos, em média, 60 a 70 excursões por ano. Em 2020 foram apenas sete”.

Assim, o espaço teve de se “adaptar” e “criar novas dinâmicas de promoção, divulgação e novos canais comerciais, de forma a conseguir arranjar outras fontes de receita, que não fossem as excursões e os visitantes”. De acordo com o responsável, nos últimos meses, houve um reforço nas redes sociais e nas vendas online, tendo-se registado um aumento no volume de vendas em novembro e dezembro. Contudo, o montante foi insuficiente para “salvar” o ano.

Existiu também um reforço das visitas virtuais ao museu que, embora não gerem receitas, pelo menos “fazem com que as pessoas não se esqueçam, e que as agências de viagens e os promotores turísticos se lembrem que existe o Museu do Relógio em Serpa”.

Apesar das dificuldades, encerrar os museus não está nos planos dos proprietários. “Isso seria uma catástrofe”, desabafa Eugénio Tavares de Almeida, acrescentando que o encerramento do museu representaria “uma ferida para a nossa sociedade local e para a região, porque estaríamos a perder mais um cartão-de-visita, que ao longo dos tempos tem atraído muitos e muitos milhares de visitantes”.

“A solução” poderá estar em “encontrar mecenas, parceiros ou patrocinadores, para o museu”, diz o diretor do Museu do Relógio.

 

Fotografia de noticiasaominuto.com