31 Dezembro 2020      10:45

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Ministro do Ambiente garante que é seguro encerrar central de Sines

João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse que vê com “grande satisfação” o fecho da central termoelétrica a carvão de Sines, depois de a EDP ter sido autorizada a fazê-lo a partir de 15 de janeiro.

Em declarações ao jornal ECO, o governante afirmou: “com grande satisfação, uma unidade que era responsável por 15% das emissões em Portugal vai encerrar já nos próximos dias de janeiro”.

Tendo em conta que a avaliação feita pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) tem caráter técnico e não político, Matos Fernandes explicou que aquela entidade “encontrou segurança no abastecimento que lhe permite poder ter já adiantado à EDP que, a partir do dia 15 de janeiro, pode, de facto, encerrar” aquela central.

Recorde-se que o encerramento da central de Sines esteve inicialmente apontado para 2023, uma vez que dependia da entrada em funcionamento das barragens do Alto Tâmega e a construção de uma nova linha de eletricidade entre Ferreira do Alentejo e o Algarve, ambas ainda por concluir.

Entretanto, a EDP recebeu as autorizações necessárias para encerrar a atividade na central a carvão de Sines a partir de 15 de janeiro e, segundo confirmou à Lusa fonte oficial da empresa, “mantém os planos para encerrar nessa data”.

Matos Fernandes adianta ainda que a DGEG e a REN – Redes Energéticas Nacionais decidiram que é seguro encerrar a atividade de produção de energia poluente em Sines, “em face da redução de consumos que existiu também consequência da covid-19, e com uma concertação da manutenção de todas as outras infraestruturas que produzem eletricidade e que podem ser ‘backups’”.

Sobre os planos para a produção de hidrogénio verde naquelas instalações, o governante lembrou que, não tendo “nada a ver uma coisa [fecho da central] com a outra [produção de hidrogénio]”, “no aviso, ainda que informal, que foi aberto”, há um projeto, no qual participam a EDP, a Galp e a Ren, cujo objetivo é produzir aquele gás, através da eletrólise da água (separação dos seus componentes, hidrogénio e oxigénio).

A EDP esclareceu que, “após o fim de atividade, a central irá entrar em fase de descomissionamento e desmantelamento, estando em avaliação a possibilidade de projetos que possam aproveitar parte das infraestruturas existentes naquela localização”. Quanto à produção de hidrogénio verde, a empresa admitiu que é uma possibilidade, “mas está ainda numa fase de avaliação com vários parceiros”.

Note-se que, a 27 de julho, a EDP, Galp, Martifer, Vestas e REN anunciaram que tinham assinado um memorando de entendimento para avaliar a viabilidade do projeto H2Sines, que visa implementar um “cluster” industrial de produção de hidrogénio verde com base em Sines.

Questionada sobre o futuro dos trabalhadores da central termoelétrica, a EDP esclareceu que se iniciaram “contactos” no final de setembro. “Esse processo está a decorrer dentro do previsto e com total colaboração entre as partes, tendo como prioridade cumprir os compromissos com todos os seus trabalhadores, tal como foi anunciado na altura”, apontou a empresa.

Já o Sindicato das Indústrias, Energias, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP) alertou ontem para o grave problema dos quase 100 trabalhadores indiretos da central termoelétrica de Sines da EDP que já receberam carta de despedimento e defendeu uma transição energética justa.

 

Fotografia de expresso.pt