2 Maio 2018      09:06

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Legislação Laboral, Tecnologia e Emoções – Qual a Relação?

Que tempos são estes?

Sim, que tempos são estes, em que viajamos até ao espaço, e na mesma viagem olhamos para as 8 horas de trabalho como se fosse acabar o sistema solar?

Que tempos são estes em que desenvolvemos um robot chamado sophia (perdoem-me os mais sensíveis mas, não coloco o nome em letra maiúscula por considerar que existe uma linha coronária interessante e emocionante entre um robot e uma pessoa), e depois achamos que também nós temos que ser robots e trabalhar horas e horas como se tal traduzisse qualidade de trabalho?

Que tempos são estes, em que inconsciente ou conscientemente conhecemos os nossos direitos, bem descritos na lei, mas ao invés de reivindicá-los (que palavra feia esta, dirão alguns cidadãos acomodados), preferimos estar sentados a ver a série do momento La Casa de Papel, passo o exemplo.

Não sei efectivamente que tempos são estes mas sei que ontem, dia 1 de Maio decorreu o dia Internacional do Trabalhador, surgido em Chicago no ano de 1886 após um grupo de trabalhadores protestar das 18 horas por dia de trabalho, tendo ficado a ideia de um equilíbrio entre as 8 horas de trabalho, 8 horas de lazer e as 8 horas de repouso. Este dia, onde algumas pessoas perderam a vida nos confrontos policiais, ficou marcado por uma viragem.

Sublinho a ideia de que todas as conquistas devem ser alimentadas e restabelecidas diariamente, por cada um de nós, para que não se percam, não se anulem e não se mascarem.

Sabe-se que actualmente e através de alguns estudos realizados formal e informalmente, o mercado laboral está cada dia mais competitivo, a exigência ao nível da eficiência aumentou, a tecnologia enraizou em cada empresa deixando para trás a importância extrema das emoções e dos sentimentos.

É neste ponto muito específico que quero tocar, particularmente: trabalho com emoção, com sentimentos e com coração. Afinal, não somos robots e com toda a certeza que não conseguimos superá-los, nem sermos tão rápidos e ágeis. Já eficientes tenho dúvidas, ou aliás certezas! Nós seres humanos somos mais eficientes, temos uma capacidade inata colada ao nosso cérebro chamada de pensamento. Temos a emoção e o sentimento do nosso lado e, portanto, estes dois conjuntos desenvolvem naturalmente o pilar da razão e do pensamento e, por conseguinte da tomada de decisão. Ora são vantagens em relação à sophia, correcto?

Vamos desejar que, de forma crescente todas as empresas queiram perante si trabalhadores felizes, eficientes, motivados, emocionalmente abraçados à sua camisola, nas suas magníficas 8 horas diárias.

Vamos desejar também que quantidade não significa qualidade.

Vamos desejar mais envolvência e dinâmica e menos medo e preconceito.

Vamos desejar cooperação e conhecimento.

Vamos desejar mais pessoas activas perante a legislação laboral, sem medos de futuros indesejáveis.

Vamos dar e receber. Ser e não parecer. Fazer mais e melhor. O que é possível, dentro de todos os limites de equilíbrio e saúde mental.

Vamos reter a importância de avaliação individual e não apenas grupal.

Vamos cumprir procedimentos de escolhas e melhorias na selecção e recrutamento.

Vamos valorizar a pessoa e o currículo, por esta ordem.

Se tudo isto for difícil de colocar em prática, então o pensamento estará com Bertolt Brecht que afirmou: “Que tempos são estes em que é preciso defender o óbvio?”

Por mais trabalhos humanizados e conscientes de toda a legislação laboral.

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