3 Março 2021      11:30

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Idade da Reforma “vai recuar”, defende demógrafo da Universidade de Évora

O demógrafo Filipe Ribeiro, da Universidade de Évora, defende que o ano de 2023 poderá trazer um recuo histórico da idade de acesso à reforma devido aos efeitos da pandemia de covid-19.

Em declarações ao ECO, o professor diz que é “bastante provável” que a projeção do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o triénio de 2018 a 2020 “seja revista para valores inferiores, mesmo não apresentando ainda um declínio em relação ao triénio anterior”. Isto por causa do agravamento da pandemia, no final de 2020.

“Sendo que, em janeiro de 2021, a mortalidade associada a estes grupos de idade continuou a aumentar, na minha perspetiva, é bastante certo que o triénio 2019-2021 apresente já um declínio comparativamente a 2018-2020, mesmo que ligeiro”, acrescenta o responsável.

Segundo os cálculos do ECO, em 2022, a idade da reforma poderá ter um de dois comportamentos: ou subir um mês, se o INE confirmar os números provisório ou revir em menos de 0,05 pontos a esperança de vida aos 65 anos para o triénio entre 2018 e 2020; ou estacionar nos 66 anos e seis meses, se o INE revir em mais de 0,05 pontos o dado em questão, mas não em mais que 0,08 pontos.

Recorde-se que, em 2021, a idade da reforma aumentou um mês para 66 anos e seis meses, face ao aumento da esperança média de vida aos 65 anos de 19,49 anos, no triénio entre 2016 e 2018, para 19,61 anos, no triénio entre 2017 e 2019.

Além disso, no final do ano passado, o INE divulgou a sua estimativa provisória deste indicador para o triénio entre 2018 e 2020, prevendo uma subida de 0,08 pontos, o equivalente a mais um mês na idade da reforma. Ou seja, a idade de acesso à pensão em 2022 deveria subir, assim, para 66 anos e sete meses.

Portanto, tem sido tendência que a idade normal de acesso à pensão de velhice suba, ano após ano. Contudo, a pandemia poderá marcar uma inversão nessa trajetória.