30 Novembro 2020      10:45

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Herdade em Serpa aumenta produção de azeite em contraciclo

A apanha da azeitona já começou, e de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o setor deverá sofrer uma redução de 30% face ao ano anterior, cumprindo a tradição de a um ano de safra seguir-se um de contrassafra. Contudo, a Herdade de Maria da Guarda, no Alentejo, é uma exceção.

Em entrevista ao Dinheiro Vivo, João Cortez de Lobão, proprietário da Herdade de Maria da Guarda, explica que “neste ano a produção voltou a aumentar e assim estamos em contraciclo com o resto do setor”, acrescentando que “mais produção é sempre bom para a Herdade de Maria da Guarda, porque produzimos só azeite de qualidade superior”.

Quando questionado sobre a descida de preços do azeite nos mercados internacionais, João Cortez de Lobão afirma que, apesar disso, “aquilo que é importante é conseguir, com novas técnicas, produzir azeite a um preço cada vez mais competitivo. Há 50 anos, teríamos de ter um batalhão de 300 a 500 pessoas para apanhar o que a Herdade de Maria da Guarda produz hoje. Atualmente fazemos toda a apanha com pouco mais de 30 pessoas incluindo pessoal do lagar”.

O proprietário da herdade garante ainda que a pandemia de covid-19 não teve qualquer impacto na produção ou vendas da Herdade de Maria da Guarda. “Connosco só aconteceram alterações dos procedimentos de segurança pandémica. Não há lay-offs e o azeite continua a chegar à prateleira dos supermercados. Não será por nossa causa que os grandes embaladores internacionais poderão ter ruturas de fornecimento”.

Adicionalmente, a empresa sente que tem uma “função social”: “a Herdade de Maria da Guarda tem sempre mais pessoas do que aquelas de que precisa, o que lhe dá uma certa folga nas alturas de maior aperto. Além disso, enquanto houver desemprego em Serpa temos sempre de contratar locais. É o que fazemos e continuaremos a fazer. Estamos aqui há quase 300 anos e queremos que as próximas gerações da família sintam essa mesma responsabilidade para com a região”, lembra João Cortez de Lobão.

O proprietário conta ainda que a empresa “paga, por exemplo, 800 euros líquidos como prémio a cada colaborador no mês em que tem um filho. Acresce ainda um valor suplementar de cerca de 40 euros mensais por filho menor em compras no supermercado de Serpa”.

Quanto às críticas sobre se o olival da herdade, ao beneficiar do regadio do Alqueva, poder ser considerado intensivo, João Cortez de Lobão afirma que “aquilo que é importante quando se está produzir o azeite é fazer a análise para confirmar que não houve erros nalgum tratamento e assim verificar que não há vestígios de químicos ou de pesticidas no azeite”. O proprietário recorda também que “é bom que se diga que o termo intensivo se refere ao facto de ser uma cultura com mais plantas por hectare e não à ideia distorcida de que se utiliza muitos produtos químicos por hectare no cultivo da oliveira”.

Para o futuro, o empresário esclarece que “a Herdade de Maria da Guarda nesta altura está mais focada em devolver à sociedade o valor que cria apoiando-se em quatro pilares: a cultura, a investigação, a educação e a beneficência. Estes quatro pilares foram a inspiração de uma Fundação com essa missão, entretanto criada – a Fundação Gaudium Magnum, que tem como capitais fundacionais as receitas das vendas internacionais do azeite”.

 

Fotografia de vidarural.pt