16 Agosto 2017      13:01

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FELIZMENTE HÁ LUAR!

Nas últimas semanas temos assistido, através da imprensa, à terrificante e pouco edificante escalada verbal entre EUA e a Coreia do Norte. Donald Trump ameaça com uma chuva de fogo e fúria como nunca antes vista, Kim Jong-Un promete um mar de chamas em Seul e um ataque nuclear na ilha de Guam.

A impetuosidade destas posições radicais e a intensificação das palavras resultante da troca de “recados”, movidas por sentimentos e instintos altamente centrados no ego destas lideranças, tende a aumentar o risco de um potencial conflito militar, que afunda a humanidade num mar de incertezas e preocupações.

Embora os especialistas admitam que o confronto é algo improvável, a escalada verbal é extremamente perigosa, sobretudo quando envolvem ameaças apocalípticas proferidas por ambas as partes.

E, se tivermos presente que o Presidente Norte Americano, também, cultiva o mesmo tipo de imprevisibilidade psicológica que o regime de Pyongyang, o efeito retórico da guerra pode levar, de facto, a “erros de cálculo” e precipitar o conflito aberto.

Não há dúvida de que o ser humano tem uma vocação natural para amplificar em demasia os seus problemas e as suas preocupações e perante a  discórdia a humanidade tende naturalmente a criar tigres de papel.

Mas, neste particular há algo de completamente errado e absurdo, peculiarmente na tentativa de justificar a guerra nuclear como a continuação da política por outros meios.

No fundo, fica a ideia de que a humanidade deseja reclamar a sua extinção com o propósito de glorificação trágica apoteótica.

Apesar da história revelar que a guerra faz parte da vida humana desde tempos imemoráveis e que é algo inerente à natureza humana, devido ao seu carácter violento e aos enormes efeitos que arrasta na vida das pessoas e das sociedades, a guerra é sem dúvida um poço de questões de natureza moral.

Assim, a mais importante dessas questões é a de saber se a guerra pode em alguma circunstância ter justificação, caso contrário é sempre incorreta.

Evidentemente, as ameaças de dissuasão nuclear têm de ser sinceras para serem verosímeis e se acreditarmos que a resolução deste conflito depende fundamentalmente da intenção condicional de usar armas nucleares, a humanidade confronta-se com um sério problema.

No entanto, se a humanidade é dotada de uma capacidade extraordinária para criar soluções, poderá o uso das armas nucleares satisfazer os requisitos da causa justa e da correta intenção?

Estaremos à beira do abismo, do colapso repentino? Ou tudo não passa de algo inofensivo, superficialmente poderoso, em tom de ameaça?

Não obstante a questão retórica, felizmente há luar!

Imagem de capa de theatlantic.com