12 Setembro 2016      10:27

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A FALSA HUMILDADE NÃO PODE ENGANAR

Confesso que sempre admirei o Juíz Carlos Alexandre, pela postura, pela coragem e pela forma como geria os seus processos e a exposição mediática dos mesmos.

Foi fácil, de início, acreditar na imagem de seriedade transmitida e que se prolongou por algum tempo.

Ao longo do tempo e com o acompanhamento de alguns dos processos mais mediáticos a nível nacional, o chamado “super juiz” começou a mostrar as suas verdadeiras características.

Desde medidas e argumentações incongruentes e posturas que, cada vez mais se afastam daquelas que um magistrado deverá adoptar.

O culminar de todo este cair da máscara teve lugar na passada semana com a entrevista cedida pelo Juíz Carlos Alexandre em que o mesmo se vem a assumir como “um saloio de mação sem amigos com dinheiro”.

A própria expressão já veio a ser desmentida pela noticia de favorecimentos ao honesto juíz.

Mais afirma, tal como o antigo Presidente da República, que o seu salário não lhe chegava para as despesas e que não pretendia subir na carreira pela falta de dinheiro.

Isso, mais que uma mentira, é uma total desconsideração para os cidadãos que, aquando o início da sua carreira prometeu defender e proteger pois, certamente, esses cidadãos que todos os dias procuram sustentar as suas famílias não se terão sentido considerados nestas declarações.

Ouvir o Juíz Carlos Alexandre proferir estas declarações, pouco tempo de ter ouvido a experiência de alguém que passa fome para dar de comer aos seus filhos fez com que toda a minha admiração inicial se deteriorasse.

Ver um Presidente da República sentir necessidade de afirmar que os juízes se devem guiar pela reserva deveria por este magistrado a pensar no que todas as suas atitudes podem estar a fazer passar.

Quando um Juíz desce ao ponto de fazer referências claras a intervenientes de processos em curso, deveria, sem dúvida, repensar a sua carreira, não a nível de ganhar para as despesas mas sim de ganhar o respeito dos intervenientes na profissão que optou por seguir.

Este será sem dúvida um caso que deveria ou deverá ser analisado pelo Conselho Superior de Magistratura, pois estas não são posturas a adoptar por magistrados e não devem passar impunes.

A magistratura portuguesa já teve melhores dias, em vários aspectos, mas nenhum magistrado, certamente, se poderá rever na entrevista dada pelo Dr. Carlos Alexandre.

A avaliação deverá ser feita em sede e nos órgãos próprios sendo que, com casos mais ou menos mediáticos todos temos um código deontológico a cumprir, sejamos “super” ou não.

Imagem de capa cv António Colaço / YouTube, daqui.