14 Novembro 2016      10:55

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ÉVORA: LINHA FÉRREA "NÃO PODE SIGNIFICAR TOTAL DESRESPEITO" PELA POPULAÇÃO

O projecto de passagem da linha férrea Sines-Elvas/Caia em Évora voltou a ser assunto de debate este fim-de-semana em Évora.

Para o Presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá,  não está em causa a importância do troço ferroviário, mas sim o impacto negativo que o mesmo poderá ter se se confirmar o traçado apresentado.

“É um projeto estruturante para a cidade, para região e para o país, mas a sua implementação não pode significar o total desrespeito pelo direito à qualidade de vida das populações. Esta proposta não corresponde minimamente e por isso já manifestámos o nosso descontentamento junto do Ministério”, disse.

Para Carlos Pinto de Sá “a concretizar-se este projeto tal significaria o isolamento de boa parte da população de Évora, congestionamento de tráfego no acesso a Évora, através da estrada de Redondo, para além do risco inerente ao transporte de mercadorias perigosas provenientes de Sines”.

Nesta audição, que envolveu a Assembleia Municipal de Évora e que contou com a presença de um representante do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, coube as Infraestruturas de Portugal (I.P.), através de Cândida Castro, rebater algumas das questões levantadas pelo autarca de Évora.

Para Cândida Castro a I.P. está sensível ao diálogo para que este projeto “chegue a bom porto. Lembro, contudo que depois de conhecermos as preocupações da edilidade fizemos já algumas alterações”.

“Haverá velocidade controlada no atravessamento da cidade pelo comboio, nenhum bairro ficará isolado, as passagens serão niveladas eletronicamente e o ruído será mitigado com o recurso a uma manta resiliente. Por outro lado, as locomotivas serão elétricas”, esclareceu.

Segundo Cândida Castro o projecto prevê a passagem de 14 comboios por dia, sete em cada sentido, e que eventualmente a linha ferroviária Sines/Caia poderá ser ainda utilizada no transporte de passageiros. “Se agora o intercidades chega a Évora porque que não estender este serviço até Caia ou Badajoz”.

O eventual transporte de mercadorias potencialmente perigosas foi uma das questões que mereceu muita atenção, com o representante do Movimento Évora Unida, José Caetano, a lembrar que ninguém pode “garantir que isso não irá acontecer”. José Caetano realçou ainda a importância de não colocar as questões economicistas à frente das pessoas.

Quanto a esta questão, e por oposição, Cândida Castro das I.P., afirmou que todas as mercadorias “serão contentorizadas ou, na pior das hipóteses, a granel, e que nenhuma delas será perigosa”.

O Movimento Eborenses em Defesa da Sua Cidade, através de Carlos Reforço, fez um apelo ao Ministério do Planeamento para que se “proceda a um aprofundado estudo que encontre alternativas à atual proposta. Nós defendemos um traçado novo”, frisou.

Imagem de capa de Valério Santos.