18 Outubro 2020      11:44

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Espécies em risco no Parque Natural do Sudoeste Alentejano

A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) fez um alerta sobre a gestão do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV) e onde aponta para falhas graves e que podem mesmo pôr em causa espécies e paisagens únicas.

Foi um comunicado que a LPN abordou este tema e deu como exemplo uma nova espécie (Helosciadium milfontinum), uma planta da família da erva-doce, descoberta na zona de Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira. Esta planta – que deve o seu nome à terra onde foi descoberta - habita em charcos temporários mediterrânicos e foi classificada, este ano, por investigadores da Universidade de Évora. Esta planta tem o seu habitat nos charcos temporários mediterrânicos, e que é um dos mais notáveis e singulares habitats de água doce da Europa, crescendo neles algumas espécies que mecanismos de sobrevivência e que lhes permitiram sobreviver e resistir desde o tempo dos dinossauros.

A LPN aponta "O aumento da área agrícola, notório nas estufas e culturas cobertas que ocupam grandes extensões no PNSACV” como uma das principais causas de risco para a extinção destas espécies. Estas novas culturas intensivas têm “suscitado preocupação com a conservação dos valores naturais que estão na base da criação do Parque Natural e integração na rede de áreas classificadas da União Europeia (Rede Natura 2000)", revela o comunicado que alega que a "legislação relativa às medidas de monitorização necessárias no Sudoeste Alentejano não foi até agora cumprida.” Considerando ainda como “urgente a implementação séria da lei de forma a garantir que os valores naturais únicos desta zona não serão destruídos", defendeu Jorge Palmeirim, presidente da direção nacional da Liga para a Proteção da Natureza.

Prestes a celebrar 32 anos (em 2021), o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina carece ainda de “cartografia e informação geográfica pública sobre as espécies, habitats e atividade agrícola na zona do Perímetro de Rega do Mira, e dos Planos de Gestão no âmbito da Rede Natura 2000". Referindo ainda ao comunicado que, “sem monitorização do atual impacto” das culturas intensivas o futuro do parque pode estar em causa.

A LPN identificou cerca de 250 espécies de plantas nos charcos temporários mediterrânicos - 11 das quais têm estatuto de proteção ou distribuição restrita - 13 espécies de anfíbios e várias espécies de micromamíferos, como o rato de Cabrera e o rato-de-água e 17 espécies de morcegos, alguns em perigo de extinção. Outro grupo afetado pela destruição de charcos para as condições de surgimento dos charcos temporários são os crustáceos grandes branquiópodes, como os raros camarões-girino (Triops vicentinus) e camarões-concha (Maghrebestheria maroccana).

 

Imagem de lpn.pt