28 Junho 2020      10:53

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A escola que sobra depois da pandemia

Sobre a escola e a educação, depois da pandemia, há uma pergunta que sobressai: Haverá equidade na Educação, em Portugal, depois de 2020?

Parece que a longa quarentena, que foi muito útil para fazer arrumações em tantos lares, não terá sido assim tão útil para outras arrumações.

Veja-se o caso do cofre que guarda a maior riqueza de Portugal. Neste momento ainda não é certo quando, como e onde será o próximo ano letivo. Note-se bem “onde será o próximo ano letivo”. É certo que Portugal está a comprovar ao mundo que é possível o teletransporte pois é muito provável que, em menos de um longo ano, passemos do ensino tradicional (com mais de 50 anos de história) para um ensino à inglesa tipo “B-learning”. É um misto de grelhada mista com peixe grelhado: aulas na escola e outras atividades letivas em casa recorrendo à maior rede de comunicação do mundo.

É interessante verificar que atualmente entram como novos alunos no primeiro ano do ensino básico cerca de 40% dos alunos que entravam nos anos 60. Esta análise apenas tem servido para aferir o número de profissionais para Educação. Nestes profissionais incluem-se os tão necessários professores. Interrogo-me: É apenas necessário planear o número de professores ou também como será o perfil desses professores?

Será viável entrar numa realidade de ensino à distância conjugado com ensino presencial com qualquer tipo de professor? Será que a igualdade poderá vir a ser confundida com a equidade?

Será que havendo computadores com ligação à internet em todos os lares estaremos mais do que aptos para garantir equidade?

Será que as crianças que estudam em escolas sob a tutela do Ministério da Educação, apenas por terem acesso à internet, já passam a ser consideras incluídas e totalmente integradas no sistema de ensino?

Sejamos sinceros: o papel do professor mais do que nunca será fundamental. As crianças que mais precisam da escola (não apenas para aprender a ler e a escrever) ficarão salvas pela tecnologia?

Haverá necessidade de um maior planeamento e acompanhamento do poder central para garantir o devido acompanhamento das minorias na Educação? Não haja sombra de dúvida.

Senhores encarregados de educação façam-se ouvir. E se entenderem que estão numa condição de conforto por sentirem que os vossos educandos estão confortáveis então reflitam. Reflitam sobre a condição daqueles 2 ou 3 alunos da turma dos vossos educandos que vão sendo levados pela maré.

As minorias só podem ser consideras insignificantes quando todos os direitos fundamentais também cheguem a elas. O direito à equidade não pode, não deve e não será esquecido. Está nas nossas mãos.