4 Janeiro 2017      15:39

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DOZE MESES DE DESAFIOS E OPORTUNIDADES

A grande maioria dos sinais que nos chegam, através dos meios de comunicação, levam a crer que 2017 possa vir a ser identificado como um ano disruptivo e incerto. Há cem anos o mundo caminhava para o fim das monarquias e dos impérios, mergulhado em guerras e conflitos. 1917 foi um ano de revoluções e incertezas.

Atualmente, um pouco por todo lado, o sentimento generalizado de injustiça económica, alimentado pela desilusão de uma vida melhor, encontra terreno fértil para o desenvolvimento de uma insatisfação difusa expressa por aversão, hostilidade, repúdio ou ódio aos imigrantes.

Dois mil e dezassete, até, poderá ficar para a história como um ano fortemente marcado pelo aumento gradual e crescente de um sentimento populista e anti-estrangeiro, arrebatado pelo nacionalismo protecionista. No entanto, também, poderá ser encarado como uma derradeira oportunidade para que a humanidade alcance o sucesso e possa prosperar numa era de interconexão global e rápida mudança social e económica. Com confiança e esperança poderemos  construir um novo compromisso compartilhado entre todos, que respeite a dignidade do ser humano e o ambiente.

Talvez, o mais importante e urgente seja a reconciliação entre governantes e oprimidos. Este processo de reconciliação e manutenção de paz social envolve um diálogo aberto, profundo, livre e franco que não ignore as causas profundas da violência e a natureza político-cultural dos conflitos. Um dialogo que sobretudo se traduza em medidas que valorizam a liberdade, a dignidade e outros direitos que envolvam a diversidade e desafiem as desigualdades, a fim de tornar a excelência inclusiva.

Dois mil e dezassete deveria ficar inscrito nos anais como período de alívio da pobreza, como início de uma grande era de inclusão social e de desenvolvimento humano. Como época de enormes avanços e inovação para a humanidade em diferentes domínios: artes e ciência, aprendizagem cívica, raciocínio ético e envolvimento com a diversidade multicultural.

É preciso tenacidade para resistir aos arautos do apocalipse .As incertezas e a instabilidade não são mais do que resultado da profunda crise de valores em que a humanidade se encontra mergulhada.

Estou convicto que as melhores soluções para os nossos problemas são fruto do engenho das pessoas comuns que povoam o nosso quotidiano, inspiradas pela valorização da individualidade humana, aferradas por autenticidade e afetividade, por dignidade e solidariedade.

Concluo com um pensamento atribuído a Albert Einstein “o mundo é um lugar perigoso para se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”.

Um bom ano de 2017.

Images via Getty Images, Sovfoto - Lenine discursando em 1917