28 Outubro 2016      05:15

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A (DES)ORDEM INTERNACIONAL

Com as eleições nos EUA quase aí, os holofotes prendem-se em todas as ações de campanha e comentários que Hillary Clinton e Donald Trump tecem. Não desfazendo a importância que estas eleições terão no futuro das relações internacionais, Putin aproveita para reforçar o seu apoio a Bashar-al-Assad, através do aumento do seu poder bélico na reconquista da Síria.

Depois de tantos cessar-fogo combinados entre a Rússia e os EUA, nunca os mesmos se traduziram em resultados concretos. Na passada semana viu-se Zeid Ra’ad al Hussein, alto representante da ONU para os Direitos Humanos, condenar os Russos e as tropas governamentais pelos bombardeamentos ao leste de Alepo como “um crime de proporções históricas”.

Depois do ataque a diferentes colunas humanitárias, a hospitais e à morte de milhares de civis, a União Europeia tem vindo a pronunciar-se, também, contra estas frentes lideradas pelas tropas fieis a Assad e pelo seu principal aliado, a Rússia. No entanto, nem a União Europeia nem os EUA conseguem travar esta guerra que parece não ter fim.

A guerra na Síria não se resolve da noite para o dia. Devido ao enorme número de forças envolvidas como a Arábia Saudita, Qatar, Irão, Rússia, EUA, França, Turquia, Curdos, Xiitas, Sunitas e os terroristas do Daesh, torna-se quase impossível a obtenção de uma resolução que pacifique os conflitos existentes na Síria. E é aqui que a postura de António Guterres será fulcral para o futuro da Ordem internacional. Pegando nas palavras que o antigo líder soviético, Mikhail Gorbatchov, disse há cerca de duas semana: “Penso que o Mundo se aproxima perigosamente da zona vermelha. Não quero dar receitas, mas isto tem de acabar. Temos de retomar o diálogo. Ter-lhe posto fim foi um erro.”. Como vimos, António Guterres não estará sozinho nesta longa e complicada tentativa de resolver este conflito. Conjugando o apoio de muitos antigos e actuais lideres mundiais influentes, com a sua conhecida característica de pacificador e de “construtor de pontes” ainda há esperança de se chegar a um entendimento na Síria, ajudando por sua vez, à crise dos refugiados.

Não posso deixar de ficar admirado, pela negativa, sobre a posição que o Governo de Portugal tem tido sobre as aproximações diplomáticas e políticas à Rússia, defendendo o fim das sanções que a União Europeia tem sobre a Rússia. Além do nosso Ministro da Defesa ter desvalorizado a aproximação de navios de guerra Russos por águas Portuguesas. Posições estranhas num momento em que a U.E mantém fortes contestações à Rússia, não só por causa da Síria mas também devido à situação da Ucrânia. Não descurando os preparativos para o envio de batalhões militares da NATO para a fronteira com a Rússia, do qual Portugal é membro fundador.

Imagem de capa do cartoonista Carlos Latuff