11 Janeiro 2016      11:14

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DESISTIR? E PORQUE NÃO?

“VISÃO PERIFÉRICA”

Desistir. Raras são ocasiões em que o substantivo não tem uma conotação e interpretação negativa. Circundando a ação de desistir estão vários exemplos com os quais convivemos diariamente: devo desistir do meu trabalho, abandonar o hábito de fumar ou obliterar qualquer aspeto pessoal em que as prospetivas não sejam as mais promissoras.

Pelas vicissitudes das várias instituições que desempenham um papel fundamental na nossa educação enquanto nos desenvolvemos individualmente, foi-nos dito de forma premente e continua: quem desiste nunca vence. Contudo, tentarei desafiar esta conceção lógica que ocupa a nossa linha de pensamento.

Ainda que na grande parte dos casos desistir, de facto, não seja o mais apropriado, saber do que desistir e quando desistir pode ser uma das melhores capacidades técnicas que podemos adquirir. Abdicar de certos aspetos que não estão a ter o retorno esperado, irá consequentemente permitir vencer e empreender aqueles objetivos que são os mais adequados para nós mesmos.

Por experiência pessoal, decidi em Abril de 2015 que estaria na altura de abandonar a vida laboral que tinha vindo a desempenhar nos últimos anos, depois de sempre a ter compatibilizado com a minha formação educacional. Decidi que seria tempo de explorar e desenvolver alguns projetos pessoais, mesmo que grande parte fosse incipiente.

Era minha ambição despoletar um processo que me tornasse capaz de ser mais independente e flexível, intrinsecamente e extrinsecamente. Desejava também perseguir a minha capacidade criativa remotamente asfixiada por compromissos rotineiros de larga escala, conciliando tudo o que foi referido com a escrita, a leitura, as viagens, os amigos e a família.

Não poderia ter tomado melhor decisão! Até agora, sinto que o intervalo de tempo que foi dedicado à minha causa pessoal foi o vetor que necessitava para me impulsionar de forma mais holística e motivadora em direção ao futuro.

Durante o decorrer desta experimentação de certo modo introspetiva, consegui aferir algumas razões pela qual devemos equacionar desistir, quando achamos que isso nos ajudará a reescrever o guião do nosso propósito individual:

1. Um caminho alternativo não é tão assustador quanto possa parecer: não devemos permitir que o medo do que não é o padrão social, do estabelecido e da conveniência levem a uma atitude imóvel e consequentemente, a um possível estado de infelicidade.

2. Existem mais opções do que aquelas que julgávamos: ser o mais recetivo possível, sem preconceitos, abrindo os olhos a formas de viver distintas, foi das lições que mais surpresas me trouxe.

3. As novas oportunidades surgem de forma inesperada: envolvermo-nos com diferentes pessoas, com diferentes organizações ou mesmo frequentar diversos eventos habilita-nos a uma maior propensão de oportunidades, vindas de várias direções.

4. Nada é para sempre: nada está imutavelmente delineado, tudo pode ser alterado, mesmo que não seja no imediato, gradualmente. Portanto arriscar e tentar não é necessariamente estar perdido.

5. Vaguear não é o mesmo que estar perdido: nem todos partilhamos o mesmo arquétipo referente à conceção de vida em sim, portanto abraçar uma jornada continua de descoberta e autodidatismo pode ajudar na prossecução de algumas respostas.

Finalizando, creio que a questão que devemos colocar a nós mesmos é: o que queremos de fato? Depois disso basta ponderar o custo de oportunidade daquilo que estamos dispostos a abdicar para ter aquilo que de fato queremos. Após isso? Desiste.

 

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