12 Março 2020      16:34

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Covid 19 - não vamos lá com dentes de alho e meias medidas

"Oh triste". Desde o início da tarde de ontem que este verso de uma moda não me sai da cabeça. Surgiu depois de ouvir comentários soltos na rua, no trabalho, nas redes sociais, e a moda ecoava, repetia, “Oh triste”.

Ontem cheguei a escrever que os portugueses não merecem Portugal. Apaguei. Percebi que são as pessoas que fazem o país, e isto ajuda a perceber muita coisa.

Por aí tenho ouvido que o vírus morre com whisky e mel. Que a água do mar faz bem, que basta o calor e nada acontecerá. Até que mastigar dentes de alho em jejum ajuda, não a matar o bicho, mas a afastar as pessoas de si – aqui há um fundo de verdade indiscutível, mas é desnecessário.

O vírus que nunca chegaria a Portugal já cá está, e quiçá há mais tempo que aquilo que se diz.

É hora de medo, de receio. É normal. Há muito que o mundo não passava por uma situação destas. Na Europa, dadas as décadas consecutivas de prosperidade, criamos o hábito de pensar que só acontece aos outros, lá longe. Aos poucos, a globalização aproximou os problemas da nossa casa e agora já entraram.

O Covid-19 - e as suas consequências - é um problema com o qual teremos de lidar. Todos e cada um nós. Só com um comportamento individual ímpar conseguiremos ajudar-nos a nós e a todos.

Não há espaço para ignorantes nem para existência de heróis estúpidos e inconscientes.

Não há tempo para ver no que dá. Não há margem para meias medidas.

Não há espaço para aproveitamentos politiqueiros de circunstância.

Nada de pânico. Nada de alarmismo.

Nada de praia e de assobiar – nem tossir ou espirrar – para o lado.

É hora de ação, união, esforço pelo bem-estar comum.

Devemos agir e prevenir e seguir as indicações da DGS, independentemente de quem a dirige nos mandar à horta do vizinho.

Não é hora de pedir cabeças, é hora de ter cabeça.

Lave as mãos, evite o contacto físico.

Exige-se responsabilidade e dever de cidadania. Quarentena não são férias. 

Aprendamos com quem já luta com o problema e combatamos juntos contra a propagação do Covid e as suas consequências. Seja responsável, seja humano. Ajude quem precisa. Cuide de si, dos seus.

Com escola, ou sem escola, mantenha os cuidados. Mesmo que haja eventos e situações cuja irresponsabilidade dos organizadores ou tutelas não os cancele, não vá. Seja prudente, o vírus não distingue o Alentejo de outra qualquer região, e não será um copo de tinto alentejano irá evitar que o afete.

Faça o reforço da sua dispensa com os bens necessários, sem abusos, sem loucuras e consulte a página da DGS em https://www.dgs.pt/ para dissipar dúvidas. Não embarque em falsas notícias nem em histórias da Carochinha.

Juntos, atuando de igual modo, conscientes, vamos ultrapassar este problema sério. Não acontece só aos outros. Chegou cá, estamos juntos no mesmo barco como disse Rodrigo Guedes de Carvalho. Salvemo-nos todos.

 

Imagem do vírus de cnn.com