14 Agosto 2017      11:23

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COLHER O QUE SE SEMEOU

Gostaria de poder dizer que o que sucedeu em Charlottesville foi uma total surpresa mas, infelizmente, tal é impossível.

É impossível não esperar este tipo de actos provindos de grupos de extrema direita após termos assistido a toda a argumentação e a todo o discurso de ódio da campanha de Donald Trump.

Surpreendente é ver o discurso de Donald Trump a criticar os assassinos e responsáveis pelo atentado de Charlottesville depois de ter andado meses e meses a incentivar ao ódio contra todos os que não eram americanos.

Será que Donald Trump se esqueceu do muro que prometeu construir e fazer os mexicanos pagar?

Será que já se esqueceu de todos os discursos contra todos os que, não sendo americanos, escolheram o País para viver?

Se Donald Trump se esqueceu, uma coisa é certa, os grupos de extrema direita não se esqueceram e irão continuar a praticar actos como os que sucederam na passada semana.

É certo que as pessoas são responsáveis pelos actos que praticam mas não deveremos também ver qual a fonte de incitamento a estes mesmos actos?

Todos sabemos que estes movimentos nunca deixaram de existir mas actos como estes não eram vistos há décadas!

Será coincidência?

Trump está a colher tudo o que semeou durante a campanha eleitoral: ódio e guerra.

Ódio por parte dos grupos de extrema direita e guerra com a Coreia do Norte que, não obstante a recente intervenção de Macron no sentido de apaziguamento do discurso do líder dos Estados Unidos, parece assustadoramente muito próxima.

Vivemos dias assustadoramente perigosos em que um empresário gere um País por tweet e como se de uma empresa se tratasse, esquecendo-se de toda a máquina existente não só nos corredores da Casa Branca que já lhe tirou o tapete por diversas vezes, mas também de todo o poderio dos países que teima em ameaçar militarmente.

Há quem diga que a ideia de uma terceira guerra mundial está muito longe. Espero sinceramente enganar-me ao dizer que já esteve mais longe e que o afastamento de Trump mais do que urgente, deveria estar já eminente.

Imagem de capa de NBC News