12 Dezembro 2020      13:30

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A coletora de segredos

Respinga era um ser que, como o seu nome diz, não parava sossegada.

Respinga acordava por volta das cinco e meia da manhã e adormecia às 11:30 ou 23:30. Praticamente, nunca dormia. Respinga era uma pulga! Isso mesmo que ouviu, ou leu, Respinga, pulga de nascença, é a nossa personagem desta semana.

Nascida nas ovas das pernas, fruto de outra pulga, por acaso de uma ovelha, Respinga desde cedo se começou a diferenciar de todas as restantes irmãs.

Era esperta como tudo! Não se sabia como manobrava tão bem as perninhas mas sabia que aquilo que lhe tinha acontecido não era força do destino. Tinha de ser algo mais do que simplesmente ser uma pulga...

Saltitar não a faria simplesmente uma trotinete. Saltar entre ar não faria dela um balão de ar. Respinga estava confusa. Não sabia porque era uma pulga e muito menos porque estava nesta história. E mais, sendo uma pulga e estando nesta história, qual era o seu propósito!

Tudo na nossa vida acontece de acordo com um princípio universal qualquer e com uma razão qualquer. Se fosse plural seria quaisquer. Mas não é.

Respinga nasceu espertalhona. Pulga conhecedora do sistema, sabia como dar a volta a tudo! Quando ouvia na escola primária os colegas, que saltitavam, a dizer, ah e tal, tu pulga, não vai chegar a lado nenhum. Saltas muito mas não me fazes ulular. Bem, a mim nunca me disseram isto mas respeito.

Aos seus 20 anos, Respinga (na idade de pulga, claro) decidiu inscrever-se nos serviços secretos do estado do país onde vivia. Não direi qual por razões de segurança e também porque não sei. Mas assim foi.

Respinga lá fez a sua formação e concurso e tudo o resto E conseguiu ser aprovada e aceite como espiã analista e tradutora de pelos humanos.

Ui! Ah pois é! A partir desse momento, saltitando de perna em perna, mais neles do que nelas, embora algumas mulheres também tivessem uma perna bem peluda, Respinga começou a colecionar segredos, alguns de Estado, outros de mercearia, mas boa espiã, reportava todos.

Assim foi... vida bonita, até ao dia do mata-moscas da tia Maria que a apanhou de raspão e acabou com o Intel!

Até hoje não sabemos a quantidade de informação que ouviu nas pernas todas em que esteve! Um dia, bem, um dia talvez não saibamos também!