19 Julho 2016      11:39

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COCHE DO REGICÍDIO VOLTA PARA VILA VIÇOSA SOB CONTESTAÇÃO

Em abril de 2015,  foi assinado um protocolo entre a Fundação Casa de Bragança e a Secretaria de Estado da Cultura, que entre outros pontos, prevê que o trágico landau do Regicídio de D. Carlos, passa a andar em itinerância anual entre o Museu Nacional dos Coches, em Belém, e o Palácio de Vila Viçosa, no Alentejo. Ficando um ano em Lisboa, outro no Alentejo.

Contudo, a deslocação atual para Vila Viçosa, está a levantar polémica, com algumas críticas de especialistas, que enviaram cartas dirigidas à diretora do Museu dos Coches, afirmando que há riscos de deterioração para o coche em causa. Já a Associação Portuguesa de Atrelagem opõe-se à deslocação para Vila Viçosa por considerar que há falta de condições técnicas no palácio alentejano para assegurar a conservação do bem. Assim como um dos maiores especialistas mundiais na matéria. O francês Jean-Louis Libourel, que também escreveu à diretora do museu, a alertar para os riscos quanto à integridade do landau.

Ainda assim, confrontada com as críticas às condições do Paço de Vila Viçosa, a diretora do Museu do Paço Ducal de Vila Viçosa, Maria de Jesus Monge , garante que as infestações detetadas no edifício são tratadas. "É verdade que há humidade em Vila Viçosa, nos meses de frio. O frio não permite que se desenvolva o xilófago. Por outro lado, temos calor. Quando está calor, não há humidade e, pela mesma razão, não há xilófago", disse em declarações à Renascença. "Há um período, tanto no início da Primavera como no início do Outono, em que supervisionamos as coleções de forma diferente para garantir que não há infestações. De vez em quando, há “problemas, mas são imediatamente atacados", enfatiza.

O mesmo protocolo, agora sobre contestação, permitiu que o Paço Ducal passasse a ser responsável por cerca de 80 coches ali depositados. Nos últimos 30 anos, os coches que ali estiveram depositados estavam sob a responsabilidade de conservação do Museu Nacional dos Coches. Maria de Jesus Monge lembra ainda que "o landau esteve em Vila Viçosa desde os anos 80 até 2008, altura em que foi levado para Lisboa, para as comemorações do centenário do regicídio" e que "deveria ter voltado três meses depois para vila Viçosa", o que não aconteceu.

 

Créditos da Imagem © João M. Pereirinha.