8 Dezembro 2016      14:04

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CLARO QUE SOU UM REGIONALISTA

Nuno Miguel Fernandes Mocinha nasceu em Elvas em outubro de 1971 (45 anos), casado, tem dois filhos e antes de ser Presidente da Câmara (PS), foi Vice-Presidente (oito anos), Vereador (quatro anos) e técnico superior (dois anos). Num momento em que Elvas começa a "gozar" do estatuto de Património da Humanidade e em que já apresentou a sua recandidatura, aproveitámos para conversar com Nuno Mocinha e ouvir o que defende o autarca para o futuro daquela região raiana.

Tribuna Alentejo: A um ano das eleições autárquicas e depois de 3 anos de mandato na Câmara do Elvas, o que considera que falta fazer para dar por cumprido o compromisso assumido com os eleitores?

Nuno Mocinha: O que falta concretizar corresponde a completar o trabalho que foi desenhado para quatro anos. Passou cerca de três quartos desse tempo e estamos em condições de, no quarto final, prosseguir os principais objetivos traçados. Para 2017, as prioridades enquadram-se na continuidade do trabalho que tem vindo a ser realizado desde há três anos: manutenção dos programas sociais e da política fiscal; obras mais prementes para as necessidades dos munícipes e que se incluam na competência e capacidade da Câmara Municipal; e obras de manutenção e conservação.

Tribuna Alentejo: Elvas parece ter-se afirmado e, com destaque nacional e internacional, sobretudo no plano cultural, com uma agenda preenchida de eventos na cidade. O que mudou com a classificação de património da humanidade? Como nascem estes projectos e o que faz deles âncora?

Nuno Mocinha: A classificação de Património Mundial, em 30 de junho de 2012, tem permitido um crescimento do número de turistas na cidade, a ponto de se poder dizer que esse número duplicou ou triplicou em relação a anos anteriores a essa distinção internacional. Ao longo do ano, a Câmara Municipal de Elvas organiza um conjunto de largas dezenas de eventos, entre estes salientamos um grande evento por mês, para que à atratividade patrimonial da cidade se juntem apelos sob o ponto de vista de animação cultural e de diversão.

Tribuna Alentejo: Objetivamente o que distingue um concelho como o Elvas de outros concelhos na região?

Nuno Mocinha: O concelho de Elvas distingue-se pelo seu valioso património – classificado desde 2012 pela UNESCO como Património Mundial –, mas ainda pela sua localização no eixo rodoviário Lisboa-Madrid, pela facilidade de acessos e pela integração na eurocidade Badajoz-Elvas-Campo Maior, onde é fundamental a construção de uma plataforma logística com ligação ferroviária aos portos atlânticos de Sines, Setúbal e Lisboa.

Tribuna Alentejo: A reversão da chamada Lei Relvas, que fundiu freguesias, é necessária ou é passado?

Nuno Mocinha: Acho que continua a ser necessária. Em concreto, no caso do concelho de Elvas, ter agregado as antigas freguesias de Terrugem e Vila Boim, bem como de Barbacena e Vila Fernando não foi uma boa medida para os interesses das populações.

 

Tribuna Alentejo: Que problema identifica como o maior problema do Alto Alentejo? E que soluções propõe para ele?

Nuno Mocinha: O maior problema do Alto Alentejo tem a ver com o envelhecimento e desertificação demográfica. Apenas medidas muito importantes e inadiáveis, que defendam a fixação de novas empresas e população jovem, que têm de ser tomadas pelo poder Central, podem contrariar estas tendências de há décadas.

Tribuna Alentejo: É um tema recorrente do poder autárquico. Considera-se um regionalista? O caminho de reforço de competências nas comunidades intermunicipais e a sua eleição indireta parece-lhe suficiente ou preferiria eleição universal do presidente da região?

Nuno Mocinha: Esta questão tem de ser apreciada, nos planos atual e desejado. Atualmente, dada a ausência de regionalização no território continental português, o que de melhor se pode aspirar é no reforço das competências das comunidades intermunicipais, sem esquecer que esse reforço terá de vir acompanhado por novas transferências de verbas adequadas a essas eventuais novas competências. No plano desejado e no casso concreto do Alentejo, sou da opinião que todos os municípios ficariam a ganhar se a regionalização fosse levada por diante. Esta resposta deixa claro que sou um regionalista.

Tribuna Alentejo: O PS nacional e local confia na sua recandidatura e já declarou publicamente que é candidato. Como resumiria a sua ambição para Elvas num próximo mandato?

Nuno Mocinha: A minha principal ambição prende-se com a possibilidade de continuar o trabalho que tenho estado a desenvolver neste mandato, considerando que a fixação da população jovem, sobretudo, e a criação de novos postos de trabalho são as principais prioridades municipais.

 

Nuno Mocinha é licenciado em Economia pela Universidade de Évora e foi docente no Instituto Politécnico de Portalegre e na Escola Secundária D. Sancho II de Elvas.

É Presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), assim como Membro convidado do Comité Diretor do Conselho dos Municípios e Regiões da Europa, em representação da Associação Nacional dos Municípios Portugueses.

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