18 Novembro 2020      11:11

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Bola de fogo atravessa céu alentejano e explode no distrito de Évora

Na madrugada de segunda-feira, uma bola de fogo percorreu o céu do sudoeste da Península Ibérica, cuja luz, provocada por um meteorito, se extinguiu sobre o distrito de Évora. O fenómeno foi observado por um projeto científico espanhol, que garante que a bola de fogo passou a uma velocidade de 227.000 quilómetros por hora, e foi possível observá-la no Porto.

De acordo com a Lusa, o acontecimento foi detetado pelos sensores do projeto SMART, do Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA-CSIC), dos observatórios astronómicos de Calar Alto (Almeria), Sevilha e La Hita (Toledo).

José María Madiedo, o principal investigador do projeto SMART, afirma que a bola de fogo foi registada às 3h49 de segunda-feira. Os responsáveis pelo projeto registaram ainda o acontecimento num vídeo, onde mostram algumas imagens da bola de fogo e explicam a localização onde foi possível observá-la.

O fenómeno ocorreu quando uma rocha de um asteroide entrou na atmosfera terrestre a uma velocidade de cerca de 227.000 quilómetros por hora e, devido à sua grande luminosidade, pôde ser vista numa grande parte do sul e centro de Espanha. Madiedo afirma que, nas redes sociais, “as imagens mais espetaculares gravaram-se em Sevilha”, onde foi possível ver a rocha com uma cor “verde-azulada”.

O astrofísico espanhol disse ainda à Rádio Observador que a bola de fogo surgiu a uma altitude de cerca de 132 quilómetros a oeste de Andaluzia e avançou desde Espanha até ao sul de Portugal, onde se destruiu a 61 quilómetros de altura do distrito de Évora. Além disso, a bola de fogo foi tão grande que teve que ser vista a uma distância de mais de 500 quilómetros, “muito provavelmente em todo o Portugal”.

José María Madiedo garante também que a rocha se destruiu completamente a grande altitude, não havendo assim “restos perigosos” no solo português.

Os detetores do projeto SMART operam no âmbito da Rede Meteorológica e de Observação da Terra do Sudoeste da Europa (SWEMN), que pretende monitorizar continuamente o céu, com o objetivo de registar e estudar o impacto na atmosfera terrestre de rochas de diferentes objetos do Sistema Solar.

É de notar que, nas últimas semanas, estes acontecimentos não têm sido incomuns no céu de Espanha. Já em Portugal, bolas de fogo tão grandes são raras, explica o astro-fotógrafo do Observatório Dark Sky Alqueva, Miguel Claro, à Rádio Observador. Apesar de o Observatório registar “vários fenómenos” noutros países, em Portugal é raro observarem “bolas de fogo e bólides”.

Miguel Claro explica ainda que “por vezes são pequenos detritos, pode até ser uma pequenina pedrinha, pode até ser do tamanho um grão de areia. Quando estamos a falar de uma bola de fogo, já é uma pedra relativamente maior que causa um impacto na atmosfera, que causa aquela fricção e aquela espetacularidade que podemos ver no vídeo”.

Por sua vez, o antigo diretor do Observatório, Rui Agostinho, explica que este fenómeno ocorre todos os anos na mesma época, mas não costuma ser registado em vídeo e publicado em redes sociais. Esta bola de fogo faz parte de uma chuva de estrelas cadentes, as Leónidas. Nas próximas noites, será possível observar mais bolas de fogo relacionadas com este fenómeno.

 

Fotografia de tvi24.iol.pt