2 Março 2016      16:39

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A ARTE DE VIVER COM UM SORRISO RASGADO

Quando o ritmo do dia-a-dia parece não abrandar e a tendência é aumentar, eis que estão reunidas as condições ótimas para parar e efetuar um balanço de vida.

Um agradável ponto de partida, para meditação, é tomar consciência do caminho que já percorremos e o que nos resta cumprir, até ao merecido descanso.

Para tornar a reflexão mais impessoal e tendo como referencial a idade da reforma, lanço o seguinte desafio para análise: caso genérico de um individuo que termine o curso superior e comece a efetuar descontos aos 26 anos de idade.

Em Portugal, quer para os trabalhadores do sector privado, quer para os funcionários públicos, de ambos os sexos, a idade da reforma está fixada aos 66 anos e dois meses.

Em números redondos, este individuo terá pela frente cerca de 40 anos de trabalho laboral até que atinja a idade da reforma, sem sofrer qualquer penalização. Logo, considerando um horário de 40 horas semanais, este individuo trabalhará aproximadamente cerca de 83 520 horas.

Tendo em consideração as seguintes premissas: (1) quarenta anos de descontos em carreira contributiva; (2) quarenta horas semanais de trabalho, às quais irei adicionar uma hora por cada dia útil gasto em deslocações casa-trabalho, trabalho casa; (3) sete horas e meia reservadas ao sono diário; (4) duas horas e meia despendidas por dia em refeições; e (5) uma hora e meia por dia consumida em higiene pessoal e limpeza da casa.

Os quarenta anos de vida deste individuo serão empregues, em termos percentuais, do seguinte modo: 27% do tempo será aplicado em horas de trabalho laboral e em deslocações para o local de trabalho e regresso a casa; e 48% do tempo será gasto em necessidades básicas de alimentação, higiene e repouso.

Seguindo esta ordem de raciocínio, sobra 25% do tempo para se dedicar à família aos amigos e a si próprio.

A frieza implacável dos números leva-nos a repensar as nossas prioridades, os nossos valores e o nosso estilo de vida. A arte de viver é muito mais do que apenas a dignificação através do trabalho. Temos que ser capazes de encontrar a proporção certa dos ingredientes para obter a receita da felicidade e concentrar o nosso tempo nas pessoas e nas causas que realmente importam.

Devemos, por isso, ser capazes de exercer o direito de dizer “não” sem culpa. O direito de ser imperfeito, de ser autêntico. O direito de mudar quando ato necessário a tornar a nossa vida mais feliz.

Esqueça a produtividade e os números. Aprenda a rejeitar o conformismo ou modéstia, valorize as conquistas. Deixe-se motivar pela alegria e não pelo medo. Sinta-se grato pelos pequenos prazeres da vida.

Somos naturalmente resistentes para aceitar o que não conhecemos, mas, para vivermos bem e para sermos verdadeiramente felizes, necessitamos apenas da mentalidade certa e de um sorriso estampado no rosto.

 

Imagem © Ceylan Sahin Eker, "Happy Thursdays".