8 Março 2021      09:59

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Aposta no aeroporto de Beja com alta velocidade volta a ser defendida

A FIRMA, consultora que concede informações estratégicas para apoiar empresas e instituições, apresentou uma proposta que visa dinamizar o aeroporto de Beja, tornando-o o “Aeroporto Portugal Sul, com a criação da ligação ferroviária de alta velocidade nacional”.

Em declarações ao Dinheiro Vivo, Bernardo Theotónio-Pereira, fundador da FIRMA, explica que esta é “uma proposta concreta e viável focada no combate à desertificação do território nacional e na eficiente utilização dos recursos existentes”.

“É uma proposta que comunga da visão do Prof. António Costa e Silva, que permite potenciar uma infraestrutura existente, reocupar o território, garantir a coesão territorial necessária e aproximar Portugal das regiões próximas da Estremadura e Andaluzia (mercados que representam cerca de 80% do PIB nacional) e do mercado europeu, através da criação de uma linha ferroviária de alta velocidade que, por sua vez, permitirá atrair indústrias nacionais e internacionais e a utilização eficiente dos recursos existentes e a receber (os Fundos estruturais)”, justifica o responsável.

Note-se que, na passada semana, o novo aeroporto de Lisboa sofreu novo revés com o indeferimento do pedido de apreciação prévia da viabilidade da construção do aeroporto complementar do Montijo pelo regulador da aviação, depois do parecer desfavorável dos municípios da Moita e do Seixal e da não entrega de parecer de Alcochete.

O aeroporto de Beja, inaugurado há uma década com um investimento de 33 milhões de euros, é o único aeroporto português capaz de receber o A380, maior avião de passageiros do mundo. Até a própria ministra da Coesão Territorial tem vindo a defender que “não podemos ter um aeroporto como o de Beja sem o valorizar”.

Recorde-se que, em setembro, numa entrevista à Antena 1, Ana Abrunhosa sublinhou o “potencial extraordinário” dessa infraestrutura e a possibilidade de cumprir finalmente “as promessas feitas aos habitantes da região”, complementando-o com vias por estrada ou ferrovia. Já em dezembro a Infraestruturas de Portugal recebeu a autorização para contratar a realização de estudos que abrangem a eventual ligação daquele aeroporto à linha ferroviária alentejana, no sentido de modernizar e eletrificar o troço entre Casa Branca e Beja.

Assim, como explica o managing partner da FIRMA, “a solução que a FIRMA preconiza assenta na criação de um binómio aeroportuário conectável por linha ferroviária de alta velocidade que permitirá maximizar o posicionamento geográfico estratégico de Portugal enquanto Porta Atlântica, potenciando (via Porto Sines e Aeroporto Portugal Sul) a plataforma europeia ideal para poder servir não só os mercados europeus e asiáticos, mas também os mercados do atlântico norte e sul”.

O projeto passaria então pela linha de alta velocidade com hub em Beja e ligação direta às principais regiões: Lisboa (40 m), Porto (80 m), Faro e Badajoz (20 m) e Madrid (125 m). Além disso, o projeto contempla ainda a conclusão da A26 Sines para a ligação do Porto ao Aeroporto e à ferrovia nacional, espanhola e europeia. Um caminho que permitiria captar pessoas e talento especializado para uma das regiões que mais habitantes perderam na última década.

“Acreditamos que a criação deste binómio aeroportuário conectável por linha ferroviária de alta velocidade e portuária, replicando o princípio dos vasos comunicantes, contribuirá para o necessário equilíbrio demográfico, uma melhor distribuição da riqueza gerada e também um melhor aproveitamento do território, potenciando um país mais coeso, equilibrado e justo”, acrescenta Bernardo Theotónio-Pereira.

 

Fotografia de dinheirovivo.pt