6 Fevereiro 2016      12:21

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ALMARAZ – A AMEAÇA NUCLEAR AQUI AO LADO

Na passada semana, inspetores do CSN – Conselho de Segurança Nuclear (órgão que gere a segurança das centrais nucleares espanholas) chamaram à atenção para falhas no sistema de refrigeração dos serviços essenciais da Central Nuclear de Almaraz, em Cáceres, na Extremadura espanhola, logo aqui ao lado do norte-alentejano.

Almaraz é a central nuclear espanhola ativa mais antiga de Espanha – começou a ser construída em 1972; o primeiro reator entrou em funcionamento em 1983 e o segundo em 1984 – e está localizada à beira do Tejo, a 100 quilómetros da fronteira com Portugal.

Nos últimos quatro meses, houve duas falhas nos motores das bombas do sistema de refrigeração, em setembro e em janeiro, o que provocou que fosse inspecionada. Essa inspeção, de acordo com o “El País”, conclui que não há garantias suficientes que o sistema esteja a funcionar com normalidade.

De acordo com o diário espanhol, tem existido um descontrolo de incêndios na central e acusa o CSN de esconder dúvidas técnicas sobre o cemitério de resíduos nucleares. Os cinco técnicos afirmam em documentos técnicos a que o jornal teve acesso que não há garantias de que o sistema de refrigeração – essencial para prevenir acidentes nucleares – atue devidamente se for necessário ativá-lo. Perante este relatório, o procedimento habitual teria sido parar o reator de imediato, no entanto, a direção do CSN decidiu não o fazer.

A central tem dois reatores - atualmente um está parado em manutenção - e cinco bombas de água que ajudam a evitar o sobreaquecimento da central. Cada reator tem duas bombas. A quinta pode entrar em funcionamento para qualquer reator se necessário. Associados às bombas estão seis motores, sendo que um é suplente.

Perante as notícias emitidas em Espanha o CSN emitiu um comunicado na terça-feira em que, apesar de assumir que as razões da avaria de janeiro não estão claras, a central pode continuar a funcionar em segurança.

A situação tem causado vários constrangimentos às autoridades espanholas e o próprio presidente da comunidade da Extremenha, Guillermo Fernández Vara, pediu esclarecimentos ao CSN e revelou a sua preocupação e indignação por se saber deste assunto pela imprensa e não pelos meios oficiais.

O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, revelou que - logo que em Espanha seja empossado um novo governo e existe um congénere – este será um dos temas debatidos entre os dois países e revelou à LUSA que a as autoridades espanholas garantiram a segurança: "Recebi, como disse, enviado pelas autoridades espanholas, um documento oficial de quem inspecionou toda a central e encontrou algumas pequenas avarias sem significado, avarias comuns numa unidade industrial, que as sinalizou, e que nos disse de forma claríssima [...]: 'a central está em absolutas condições de segurança”.

A associação ambientalista Quercus, por outro lado, exigiu o encerramento da Central Nuclear de Almaraz e diz que Portugal não está preparado para lidar com um acidente nuclear.

 

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