1 Outubro 2020      09:47

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Água na aldeia de São Manços em Évora é “barrenta” e “cheira mal”

A população de São Manços, no concelho de Évora, queixa-se da falta de qualidade da água da rede pública, por estar “barrenta”. No entanto, a câmara municipal promete solucionar o problema com uma intervenção faseada.

Florinda Russo, presidente da União das Freguesias de São Manços e São Vicente do Pigeiro, disse à agência Lusa que “o problema tem a ver com a canalização e a solução é substituir a conduta de água”. De acordo com a autarca, a água que sai das torneiras em São Manços passou a ser “barrenta, escura e cheira mal”, desde que foi alterada a sua origem de captação, existindo “casos piores e outros não tão graves”.

A presidente eleita pelo PS afirmou ainda que “a água era fornecida através de um poço e passou a ser através da barragem do Monte Novo”, o que fez com que “essa água destruísse a canalização, que já é bastante antiga”.

Já o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, reconheceu que “um conjunto de consumidores” da localidade tem “água barrenta” nas torneiras, argumentando que o problema começou na anterior gestão PS, com “o negócio de entrega do abastecimento de águas em alta”.

Para mais, na mais recente reunião da assembleia municipal, a união de freguesias apresentou uma recomendação à câmara sobre o assunto, na sequência da entrega de um abaixo-assinado com cerca de 450 assinaturas, que foi aprovada por maioria.

Desta forma, este órgão autárquico recomenda ao executivo municipal liderado pela CDU que “não seja cobrada qualquer fatura da água na freguesia de São Manços até que a situação da qualidade da água seja solucionada”.

Florinda Russo referiu ainda que a população “não usa a água para consumo” e que muitos habitantes da freguesia já optaram por “soluções que não são compatíveis e até legais”, nomeadamente o recurso a furos próprios. Além disso, “as próprias toalhas ficam amarelas” quando uma pessoa se limpa após o banho, “a roupa que é lavada fica amarela, as máquinas estragam-se e os termoacumuladores chegam a criar barro e são constantemente substituídos”, relatou.

Por sua vez, o presidente da câmara municipal sublinhou que este “é um assunto que se arrasta há muito tempo e que não tem tido solução porque a câmara não tem tido capacidade financeira para o resolver”, realçando que têm sido feitas “várias intervenções na rede para minimizar o problema”. O autarca acrescentou ainda: “não podendo fazer a obra na sua totalidade”, a câmara pode “fazer uma obra por fases e é isso que está a ser preparado”.

Pinto de Sá revelou também que a câmara “já não cobra dinheiro nenhum há anos” aos consumidores de São Mansos de imóveis em que “sistematicamente a água não apresenta condições” e aos outros com problemas pontuais cobra “apenas metade do valor da fatura”. “Toda a população deixar de pagar água em São Manços não nos parece correto, porque há consumidores que têm água em condições e aqueles que não têm já não pagam, além de, do ponto de vista legal, haver dúvidas sobre essa proposta”, alertou.

A presidente da união de freguesias disse discordar da “discriminação” que foi criada no pagamento das faturas, alegando que “não há critério” para os diferentes casos. “Algumas pessoas fizeram queixa individualmente na câmara e acabaram por não cobrar as faturas. Outras, que não se podem deslocar e reclamar, pagam 50% e outras pagam os 100%”, acrescentou.