No próximo dia 09 de Março diremos adeus a Cavaco Silva. Após 10 anos como Presidente da República, e quase outros tantos como Primeiro-Ministro, o político que diz não o ter sido, Cavaco Silva abandona os palcos políticos.
Enquanto Primeiro-Ministro, passou do betão das auto-estradas, dos subsídios ao sector terciário para deixar de produzir, terminando nas cargas policiais sobre polícias, mantendo, no entanto, uma imagem coerente com o regime rígido que sempre defendeu e apoio.
Enquanto Presidente da República, tal coerência não se manteve.
Em dois mandatos seguidos, Cavaco Silva passou do Presidente da República que mais diplomas vetou, para o Presidente da República que menos se fez ouvir.
A diferença: a cor do Governo.
Nos Governos PS, rara era a semana em que Cavaco Silva não aparecia em declarações públicas ou por ele próprio marcadas para vir falar contra o Governo. Raro era o diploma estrutural que passava à primeira, sem ser vetado.
Há que admitir, concordando ou não, Cavaco mostrou-se um Presidente interventivo e, houve até mesmo quem dissesse, verdadeiramente preocupado com os portugueses.
Mudou a cor do Governo, mudou o Presidente, embora a pessoa se mantivesse.
Cavaco resumiu-se ao silêncio perante a Austeridade e perante diplomas que acabaram por vir a ser declarados inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional.
Das poucas declarações que optou por fazer, ficou na memória a referente à sua parca reforma que mal lhe dá para as despesas. Declaração essa que mais não foi que um claro desrespeito por todos aqueles que o elegeram e, até mesmo por aqueles a quem dedicou a sua segunda vitória eleitoral: os jovens.
Existindo jovens graduados, competentes e qualificados a ganhar menos que um décimo da sua reforma, o mínimo que Cavaco poderia ter feito nessa altura, era ter-se remetido ao silêncio.
Não o fez. Optou por fazê-lo para proteger aquele que sempre foi o seu pupilo e protegido: Passos Coelho.
O seu final de mandato foi tudo menos o que Cavaco terá imaginado.
Com um Governo marcado por uma união estável de esquerda, Cavaco viu-se derrotado em tudo aquilo que defendeu ao longo dos seus Mandatos.
A história está feita.
Resta saber se os portugueses o recordarão como Cavaco sempre pretendeu o se, contrariamente ao que afirmou, como o “não político” com mais cargos políticos de toda a política nacional.
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