12 Novembro 2016      08:35

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OS 7 PECADOS MORTAIS NA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

"PENSAMENTOS POLÍTICOS"

Está bem à vista dos olhos de todos a forma como o Governo tem maltratado a CGD (Caixa Geral de Depósitos). Tais são as atrocidades, que até o cidadão mais desatento corre o risco de ficar convencido que está a ser deliberadamente destruída. Acreditemos que não!

Ora vejamos as várias trapalhadas (que podemos denominar de 7 pecados mortais):

1 – Foi escolhido o atual Presidente (mas também outros administradores), facultando-lhes informação interna da CGD, quando ainda se encontravam a trabalhar num banco concorrente. Mais especificamente no BPI. Segundo esta nova governação e os parceiros que a suportam, tudo isto é normal!

 

2 – Foi decidido pelo Governo um plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o qual pode envolver um montante de cerca de 5.000 milhões de euros, sem que fossem devidamente explicadas as necessidades para os montantes em questão.

É reconhecido por todos a necessidade de recapitalização da CGD, mas persistem as dúvidas dos montantes que são necessários. Explicações sempre vagas e pouco alicerçadas em dados contabilísticos e financeiros. Não se percebe o porquê de tanta ambiguidade! Falta de transparência e opacidade.

 

3 – Foi encomendado um estudo à McKinsey pelo valor de 3 milhões de euros para realização de um plano de negócios para a CGD. Pelo que corre na imprensa (não desmentido) foi contratado pelo atual administrador quando este ainda não se encontrava na CGD. Curiosamente não se sabe quem é que vai pagar este estudo. Ministério das Finanças? CGD? António Domingues? Ninguém esclarece com clareza. Tudo normal! Ninguém estranha a facilidade desta contratação (de tanto dinheiro!)? Foi uma adjudicação direta num banco público? Gostávamos de saber, porque estamos a falar de dinheiro que é de todos os portugueses. Ou será que podem tratar de tudo na penumbra, sem terem que cumprir escrupulosamente todas as regras da gestão de entidades públicas?

 

4 – Tivemos também a recusa por parte do BCE (Banco Central Europeu) de 8 nomes propostos pelo Governo para a administração da CGD. A razão desta rejeição deveu-se ao facto do BCE considerar que as pessoas em causa excediam o limite de cargos em órgãos sociais de outras sociedades. Tudo normal! Outros ficaram mas saíram embaraçados pela exigência de terem que ir estudar e enriquecer o seu currículo de modo a poderem desempenhar as altas funções que lhes estão cometidas.

 

5 – Depois foi a polémica do novo decreto-lei apresentado pelo Governo, o qual isentou a CGD do estatuto de gestor público, e que autoriza o pagamento de remunerações “chorudas” ao nível das que se pagam nos bancos privados.

Relembro o valor das remunerações dos novos gestores da Caixa: 423 mil euros anuais para o presidente e 337 mil euros para administradores não executivos, mais prémios de gestão que podem ir até 50% da remuneração fixa, em função do cumprimento de objetivos e parcialmente pagos de forma diferida. Tudo normal!

 

6 – Outra polémica prende-se com o acumular da reforma que António Domingues trazia do sector privado com o salário que agora vai auferir como Presidente da CGD.

Note-se que esta situação é contrária à totalidade das pensões da maioria dos trabalhadores bancários, que passaram para a Segurança Social quando os fundos de pensões dos bancos foram transferidos para o Estado — uma decisão do Governo do PSD / CDS para contrariar a explosão do défice de 2011.

 

7 – Mais recentemente passámos a ter a penosa discussão da remoção da Caixa Geral de Depósitos do estatuto dos gestores públicos, desobstruindo os seus administradores da obrigação de entregar declarações de rendimento. Neste caso, deixou de ser imprescindível entregar a declaração ao Tribunal Constitucional.

Sobre esta matéria temos dos episódios mais caricatos que se podem verificar. Estamos perante um Ministro das Finanças que promete aos administradores o que não pode prometer. Um Primeiro-ministro que se desresponsabiliza de toda esta acesa polémica, como se não fosse o responsável máximo das suas próprias escolhas. E temos os partidos, em uníssono, a contestar esta situação, sem que o Governo “mexa uma palha”, e, tão mau quanto isso, os administradores façam o que têm a fazer. Ou seja, entregar as respetivas declarações ao Tribunal Constitucional, tal como o comum dos cidadãos tem que fazer quando exerce qualquer tipo de funções públicas.

 

São tantos os factos e as trapalhadas, e tudo fica na mesma!

É um País ao Deus dará.

 

 

Imagem de tvi24.iol.pt