5 Maio 2015      17:02

Está aqui

PONTAPÉS NA GRAMÁTICA...

Uma pessoa com formação de professora, está formatada para detectar erros, sejam eles orais ou escritos. A verdade é que esta mesma formatação nos coloca numa situação de desconforto com o que passa na utilização da língua portuguesa, não falando, da aberração do novo acordo ortográfico, o qual me recuso a utilizar (possivelmente até ser obrigada a fazê-lo).

Parece-me normal, que qualquer estrangeiro que tenha aprendido português, nunca o fale como um português nativo, mas a questão que coloco é: quem é o português que fala português na perfeição?

Quem nunca cometeu uma “calinada”, ou será uma “canelada”, bem, que seja um “pontapé” na gramática? Confundir “há” com “à” (“Há” é a terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo haver, que se utiliza no sentido de existir, acontecer e fazer; enquanto “à” é a contração da preposição a com o artigo definido, no feminino, singular, a, que se fundiram num só vocábulo, demarcado pelo acento grave, aliás uma das raras palavras da nossa língua acentuada com acento grave); confundir “foi” com “fui” (sendo que “foi” é a terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo ir, enquanto “fui” refere-se ao eu, ou seja, primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo ir); ou mesmo confundir “vez” com “vês” e com “vens” (sendo o primeiro um substantivo utilizado para expressar ocasião – era uma vez…; ou turno – ele foi na sua vez…; ou multiplicação – um vez um…; enquanto o segundo refere-se ao verbo ver, na segunda pessoa do singular do presente do indicativo; e ainda o terceiro se refere ao verbo vir na segunda pessoa do singular do presente do indicativo) é algo recorrente na nossa língua, quer na comunicação oral, quer na escrita.

Exemplos…

Mas há ainda outra coisa que liquida a nossa língua. A escrita de telemóvel, principalmente utilizada pelos jovens, que utilizam escrita como: “tamx com a xtora”, que significa “estamos com a professora”, ou qualquer coisa como a substituição dos “que” por “k” ou “porquê” por “pk” e por aí fora… é difícil descodificar para quem a utiliza com alguma correcção e dificulta a boa utilização da língua.

E depois temos ainda a utilização de palavras que desconheço como “ódepois” que penso que será o mesmo que “depois”, “semos” ou “samos”, mas pelos vistos não “somos” nada, ou mesmo de pessoas que frequentam “tiosques” e não “quiosques”, na realidade a lista é infindável, são apenas exemplos da pobre utilização da língua de Camões.

Este tipo de ocorrências são muito frequentes no nosso dia-a-dia, mesmo nos órgãos de comunicação social, pois não me lembro a última vez que vi um noticiário sem um único erro. A língua portuguesa é de facto difícil, mas valerá a pena o esforço para a utilizar melhor? Creio que sim, não fosse ela aquela que nos caracteriza enquanto portugueses, que nos permite comunicar e é considerada uma das línguas mais difíceis do mundo, mas é a nossa, pelo que vamos estimá-la!