22 Julho 2015      05:44

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PENSAR SEM BATUTA, DESENVOLVER O PENSAMENTO CRÍTICO

Em última análise o destinatário das mentiras dos políticos somos nós e o objetivo da mentira é exercer uma influência. Na maioria dos casos, a mentira tem por objetivo alterar, progressivamente, o estado de espírito do eleitorado e, a partir disso, mudar a sua conduta, o seu sentido de voto.

Em ciência a evidência é fundamental para validar ou refutar teorias, logo para se ser capaz de avaliar se determinada teoria está correta é necessário olhar atentamente para a evidência dada, o que pressupõe avaliar a credibilidade e a relevância das provas que suportam a argumentação.
Em ano de eleições torna-se imprescindível recorrer ao pensamento critico, pelo que é indispensável compreender e aplicar os principais passos na avaliação dos argumentos, para poder avaliar criticamente a credibilidade e a relevância das informações proferidas no contexto do discurso político.
Infelizmente, não há nenhuma fórmula nem receita que se possa aplicar diretamente para verificar se um argumento político é forte ou fraco. Contudo, podemos aplicar uma técnica que, ao resumir os elementos-chave, permite avaliar qualquer argumento independentemente do contexto. Esta técnica consiste em cinco passos de análise: Estrutura, Clareza, Evidência, Lógica e Avaliação.
O primeiro passo é olhar para a estrutura do argumento e identificar as provas que lhe são apresentadas nas frases conclusivas.
O segundo passo é olhar para a clareza do argumento. Será que tudo faz sentido? Está tudo claramente descrito? Existe alguma incerteza ou confusão?
O terceiro passo é avaliar a confiabilidade e relevância das provas apresentadas que suportam o argumento.
O quarto passo é avaliar a lógica do argumento, para isso é necessário identificar possíveis falácias. A falácia é um argumento enganoso ou doentio. De modo abreviado, podemos distinguir dois tipos de falácias: as formais e as informais. As falácias formais são erros introduzidos no raciocínio por uma inferência inválida com aparência de válida, que ocorre por desrespeito ou não cumprimento das regras lógicas de inferência. As falácias informais são erros introduzidos no raciocínio por um argumento inválido com aparência de válido, cujos erros são derivados da ambiguidade da linguagem natural.
O último passo é o mais importante: avaliação. Tomando todas as descobertas realizadas a partir dos quatro passos anteriores, estamos em condições de avaliar o argumento. O argumento é claro e lógico? É a evidência dada relevante e credível? Tem a certeza que não contém falácias? Se assim for, é provável que esteja perante um argumento forte. Caso contrário, o argumento é fraco e deve ser rejeitado, pelo menos até não existir melhor evidência.
 
Não basta dizer a verdade para ser acreditado é necessário que o que se diz pareça verosímil.