15 Dezembro 2015      16:26

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O GOLPE PALACIANO PORTUGUÊS

O ALENTEJO E O MUNDO

A minha rúbrica no Tribuna do Alentejo esteve como a Democracia Portuguesa: INTERROMPIDA.

O insólito aconteceu depois do dia 4 de Outubro de 2015. O PPD/PSD e o CDS/PP foram as forças políticas mais votadas nas últimas Legislativas, mas isso já não é novidade para ninguém, nem o será na restante Legislatura.

O que depreendi do resultado eleitoral foi que os Portugueses não quiseram dar uma maioria absoluta aos Partidos de Centro-Direita, mas entenderam que nos próximos 4 anos, estes deveriam governar sobre a necessidade de negociação com outras forças partidárias, nomeadamente o PS. Depreendi, também, que no circulo eleitoral de Évora, a CDU já não é o que era e que mesmo depois de 4 anos de difícil governação com a TROIKA em Portugal, os cidadãos deste Distrito escolheram maioritariamente Partidos de governação e não de protesto. Sendo que o PSD e o CDS ficaram mesmo à frente do Partido Comunista e dos Verdes, sem que tivessem Executivos Municipais nem Entidades Sindicais a suportá-los.

Pasma-se portanto como é que uma Esquerda dita Democrática e defensora dos princípios da Liberdade de Abril, muda radicalmente o seu discurso e toda a sua doutrina, ao considerar toda esta conjuntura normal? Confesso, que acho perfeitamente democrático uma maioria parlamentar de Esquerda, aproveitar a sua superioridade numérica para impor diferentes políticas ou discutir novas soluções governativas. O que me admira, é uma força Política moderada como é o Partido Socialista, apoiar-se numa Esquerda radical e que chega às vezes ao Extremo. Tudo isto, para conquistar o poder.

Não me admira, no entanto, a estratégia adotada por António Costa. Este que já leva no seu currículo uns belos golpes de bastidores. Ao fim de contas, o próprio jogou a sua sobrevivência política e caso não tivesse saído bem-sucedido deste novo golpe palaciano, nem na Câmara Municipal de Lisboa o aceitariam. Era o seu fim político. O que me espantou sobretudo, foi a ingenuidade e a tamanha perplexidade de bons Socialistas e de muitos dos seus Militantes, permitirem que esta estratégia Costista avançasse.

Ou estou a ver um filme de Hollywood em que no final tudo termina bem, ou não acredito ser possível que Partidos como o PCP e o BE que durante décadas tiveram enormes divergências com o PS, resolvessem assinar um acordo num espaço de tempo recorde e o cumpram durante todo o período legislativo. Não se esquece todo um passado ideológico e de combate político, de um momento para o outro. Além de que nem a hombridade tiveram para assinarem um acordo conjunto.

O acordo das Esquerdas, é baseado no fim radical de cortes adotados em Portugal para atingir os objectivos acordados com a União Europeia. Acontece que pouco ou nada se ouviu por parte do Governo Socialista, em como irá equilibrar este novo aumento significativo da despesa. Sabe-se que, os Socialistas têm Fé (Fé, porque cientificamente não há certezas), que com o aumento do consumo, o Estado beneficiará com a receita que dele advém. Uma teoria que eu subscrevia, caso estivéssemos a falar de Países como os EUA ou como a Alemanha, mas estando o Sr. Ministro Centeno a falar de Portugal e não acreditando em magia, fico deveras preocupado e desconfiado.

Finalizando e tendo em conta a situação de enorme crise que a Grécia está a ultrapassar, não auguro grande futuro nesta Coligação das Esquerdas por dois motivos:

1º - Porque chegará uma altura em que Costa e Centeno terão que explicar perante a União Europeia, o efeito ou os resultados das políticas tomadas em Portugal;

2ª – Porque não acredito que o PCP aprove o Orçamento de Estado para 2017, caso o Governo Socialista, ainda dure até lá.

Imagem de capa daqui.