7 Dezembro 2015      16:04

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"NÃO EXISTEM SEGREDOS NOS NEGÓCIOS"

A pronúncia do norte é acentuada e usada sem complexos, como fazem os homens do norte. Observador, focado, e muito comunicativo, é a descrição que uma conversa demorada com ele nos permitiu fazer. Estamos a falar de Filipe Soutinho, 35 anos, nascido em Vila Nova de Famalicão (Braga), CEO da IDT Consulting, com escritórios em Évora.

Filipe Soutinho é licenciado em Engenharia, especialista em design e marketing, auditor tecnológico e de inovação e Doutorado em Engenharia pela Universidade do Minho. A entrevista foi feita a propósito da conferência Inovar o Futuro, de que é promotor e que vai decorrer no próximo dia 10 de Dezembro, no Centro de Negócios do Alentejo, em Évora.

 

Tribuna Alentejo: Como descreve a IDT Consulting e onde entra o Alentejo?

Filipe Soutinho: A IDT Consulting é uma empresa de consultoria de gestão que atua na área da inovação, de uma forma dinâmica, num conjunto de serviços diferenciadores, mas interligados, numa visão personalizada para cada um dos clientes. A personalização, atuação próxima, direta e aberta perante os nossos clientes é o que nos distingue da concorrência. Estamos onde o clientes nos quer, quando quer e a que horas pede. Somos um "call center" em atividades de consultoria de alto valor acrescentado.

Criada no início de 2008, surgiu como forma de preencher uma lacuna importante, em serviços relacionados com a área da gestão da inovação, assentando a sua atuação na criação de ligações fortes entre os resultados de atividades de investigação e desenvolvimento e o efeito inovador por eles gerados nas empresas. Atenta às descontinuidades que caracterizam o desenvolvimento da sociedade atual, e tendo percebido as mudanças de paradigma em todos os setores de atividade, a IDT Consulting assume que, por um lado, a inovação é a chave para o sucesso das empresas no mercado globalizado e altamente competitivo e que, por outro, se trata de um parceiro importante na obtenção da excelência e do sucesso dos seus clientes. Em 2012, no âmbito da prestação de um serviço para a Universidade de Évora, sedeamo-nos no NERE. Tendo percebido um paradigma da necessidade dos serviços que prestamos na região do Alentejo, temos vindo a criar uma dinâmica de potenciar a articulação do meio com as entidades, em que nos posicionamos como um elo essencial à obtenção de resultados para a economia regional.

Tribuna Alentejo: Porquê Inovar o Futuro?

Filipe Soutinho: (risos) O evento surge no seguimento dos que já habitualmente realizamos anualmente no Norte do país e do que realizámos em Setembro passado também no NERE. Visa sobretudo promover uma dinâmica de inovação no território e nos seus intervenientes, através de uma relação entre interlocutores com diferentes parceiros. O Nere, a Câmara Municipal de Évora, a Cátedra Energias Renováveis, que é uma das principais unidades de investigação da Universidade de Évora, numa área cada vez mais preponderante na sociedade como é o caso das Energias Renováveis. A ADRAL, como agente regional, com um papel transversal e cada vez mais pertinente na criação de dinâmicas inovadoras no território alentejano, a Alentapp, bem um exemplo de inovação criada e desenvolvida no centro Alentejano. Ano a ano temos um conjunto de entidades inovadoras, que disseminam as suas atividades, que são verdadeiros estudos de caso!

Tribuna Alentejo: Instaladas numa área empresarial que recebeu consideráveis investimentos recentemente para acolher empresas, empresários e empreendedores, quais as vossas expectativas em relação ao novo contexto?

Filipe Soutinho: Que se consiga sobretudo criar uma cultura de trabalho mais interativa e profícua à obtenção de resultados num território com tantas valias para Portugal.
 

Tribuna Alentejo - Sendo especialista na área da consultoria a projectos empresariais, que perspectiva tem em relação ao atual Programa Operacional do Alentejo, no que diz respeito às empresas? Que pontos fortes identifica? E debilidades?

Filipe Soutinho: O Programa Operacional do Alentejo é uma ferramenta de grande utilidade para as empresas e que certamente terá um impacto positivo, sobretudo na captação de novos investimentos para a região. A dotação orçamental é sem dúvida o maior ponto forte. Algumas incongruências na estratégia de especialização inteligente para o Alentejo, assim como as dificuldades das empresas de menor dimensão conseguiram obter apoio no Alentejo 2020, são as principais debilidades que encontro.
 

Tribuna Alentejo: O Alentejo é empreendedor? Como resolver o problema da falta de pessoas ou da saída dos quadros qualificados para o litoral e até para o estrangeiro?

Filipe Soutinho: O Alentejo como todas as outras regiões de Portugal é empreendedor. Temos no NERE no PCTA vários exemplos de casos de sucesso. A saída de quadros qualificados é algo de muito complexo de combater. Existe sobretudo a necessidade de criar estruturas de suporte que cativem a presença dos empreendedores no Alentejo. Os centros de incubação são um exemplo, mas é necessário, que a cultura, a saúde, o desporto, entre outras áreas transversais estejam presentes de uma forma clara e pertinente, para que cada um de nós sinta um maior bem-estar no nosso dia à dia. Por outro lado, a cultura do empreendedorismo deve começar mais cedo, no ensino secundário, nas associações, nas empresas... A comunicação social desempenha também um importante papel, pois os casos de sucesso devem ser promovidos, impulsionados, demonstrando a existência de condições adequadas na região Alentejana que cada vez pode oferecer mais aos portugueses.

Tribuna Alntejo: Pontos fortes e debilidades do Alentejo?

Filipe Soutinho: É um território que em algumas regiões pode cativar indústria e em outras o Turismo. Não é um paradigma, é uma total realidade. O Alentejo deve ser visto como um território de investimento e devem ser criadas as condições para que ele seja o mais simples, rápido, ou seja, eficiente. As debilidades atuais passam sobretudo pelo envelhecimento, área que até pode ser vista como uma debilidade com potencial de atuação para os empreendedores, para os inovadores...

Tribuna Alentejo: O segredo é a alma do negócio?

Filipe Soutinho: Atualmente não existem segredos, pelo menos de grande impacto, nos negócios. Existe o desenvolvimento de conhecimento,nque deve ser utilizado na prestação dos serviços, que deve ser partilhado, disseminado para ter um impacto maior em que o utiliza. 

 

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