30 Novembro 2015      09:52

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MÉRITO E TEATRO

É melhor nem falar de meritocracia, li algures esta semana sendo que dei comigo a concordar. Falar de meritocracia é quase tabu num País em que, cada vez mais se vinga por se parecer e não por ser. E às vezes o parecer não respeita à qualidade e à competência, mas sim a tentar chegar à tal “caridadezinha”.

Por exemplo, quem acompanha programas de talentos sabe perfeitamente que o principal destaque é dado a pessoas que tenham alguma história marcante no passado. Algo que toque ao coração das pessoas, levando-nos a pensar que ali o que importa é a história e não a qualidade da pessoa a concurso. E isto passa-se em qualquer ramo.

Actualmente ser bom não basta, tem que se saber “chorar” para se poder subir de alguma forma ou, sequer, manter-se em determinada posição.

Não se pode, no entanto, dizer que esta é uma mera responsabilidade de quem faz as acções. É também responsabilidade de quem se deixa levar por elas.

Acabamos por, na nossa vida, ter que ser actores sem termos qualquer vocação para isso. Tudo em prole de um lugar, de uma oportunidade, da manutenção de um sonho pelo qual jurámos lutar.

Sempre nos ensinaram a acreditar em nós e na nossa qualidade e a mostrar o quão bons somos, mas hoje isso não chega. Os bons são alvos a abater e os “coitadinhos” acabam sempre por vencer.

Numa sociedade empresarial que se quer competitiva, o que vai acabar por acontecer é que a competição não vai ser entre os melhores profissionais, mas sim entre os melhores actores, acabando as empresas por ficar a perder em qualidade para a teatralidade e, no mercado globalizado tal irá por resultar em frutos bastante negativos e pesados.

Uma análise cuidada e profunda merece ser feita sobre esta temática. O nosso País e as nossas empresas têm excelentes profissionais que merecem ser reconhecidos pelo trabalho que desenvolvem e competir a par com outros profissionais com as mesmas ou melhores características.

O mercado empresarial vive de investidores que aplicam o seu dinheiro em resultados e os resultados apenas se conseguem com bons profissionais.

Portugal têm esses profissionais.

Resta saber se os empresários portugueses conseguirão demonstrar a fibra para os manter, pois o teatro é sem dúvida impressionante, mas, mais tarde ou mais cedo, o pano acaba por cair, podendo a peça acabar sem palmas.