21 Julho 2015      14:16

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LUÍS GODINHO, UM ÁRBITRO ALENTEJANO DE PRIMEIRA

Estavamos a 18 de Junho deste ano quando ficámos a saber que Luís Miguel Branco Godinho, natural de Borba (Évora), com 29 anos, subia ao principal escalão da arbitragem nacional, prestigiando a Associação de Futebol de Évora, que voltou assim a ter um árbitro na 1.ª categoria nacional, depois de José Pratas, Bento Marques, Jacinto Paixão, José Godinho e Luís Catita.

 

Desde então ficou combinada uma entrevista com o jovem árbitro, que agora concretizamos. 

Tribuna Alentejo: Quando e como começou o percurso na arbitragem, Luís?

Luís Godinho: Concluí o curso de arbitragem em 2002, na sede do núcleo de árbitros de futebol da zona dos mármores “Prof. Jorge Pombo”. Por curiosidade própria e através de um amigo tive conhecimento do curso e inscrevi-me. Muito antes de tirar o curso já tinha esse bichinho da arbitragem, pois quer na escola, quer em outras atividades, já fazia o papel de árbitro.

Tribuna Alentejo: Como foi esse percurso até hoje?

Luís Godinho: O meu percurso foi normal, com altos e baixos, onde acompanhei alguns colegas meus como árbitro assistente, nomeadamente quando iniciei o meu percurso enquanto árbitro. A partir do momento que me afirmei (como árbitro e candidato a ascender à então extinta 3ª categoria de árbitro nacional), foram alguns anos nos campeonatos nacionais. Estive dois anos na 3ª Categoria, depois ascendi à categoria C2, antiga 2ª Categoria Nacional, onde também estive duas épocas e onde na última fiquei em lugar de acesso ao estágio nos campeonatos profissionais, ou seja, na categoria C2N3. No final da última época, fiquei classificado em 6º lugar e atingi então a categoria C1.

Quero sublinhar que apesar desta "subida" continuo a colaborar com o conselho de arbitragem de Évora, no sentido de arbitrar jogos dos campeonatos distritais sempre que me seja possível. Penso que não nos devemos esquecer nunca das nossas bases para que de uma forma humilde possamos continuar a trilhar o nosso caminho, e este claramente é o meu.

Tribuna Alentejo: Quais os custos para chegar a este nível?

Luís Godinho: Como em tudo na vida, para se chegar ao topo de qualquer profissão ou ocupação, é necessário muita dedicação, empenho, trabalho, espirito de sacrifício e acima de tudo muita ambição. Esta é a fórmula do sucesso, aliando depois também a sorte que é necessária, aliás, como em tudo na vida. Um árbitro nos dias de hoje a este nível, e eu sou exemplo disso, trabalha de uma forma praticamente profissional para o seu crescimento e evolução. Treino 1h30 três vezes por semana, dos quais um treino junta a componente física à técnica. Para além disso, temos as sessões de aquisição de conhecimentos sobre Leis de Jogo e Regulamentos periodicamente na sede do núcleo de árbitros de futebol da zona dos mármores “Prof. Jorge Pombo”, onde realizamos testes, sessões de vídeos para analisar, entre outras atividades para o nosso enriquecimento.

Tribuna Alentejo: O facto de estar no Alentejo é uma condicionante?

Luís Godinho: Não é condicionante, mas não deixa de se tornar um problema devido à falta de árbitros neste pedaço de território português. Se um árbitro que pertence a uma associação com mais árbitros que necessariamente tem mais força já trabalha muito, qualquer árbitro alentejano para alcançar um objetivo deste género tem que trabalhar a dobrar ou a triplicar.  A falta por vezes de condições no Alentejo, leva a que muitos árbitros se mudem para assim poderem mais facilmente evoluir enquanto árbitros.

Tribuna Alentejo: Objetivos para a próxima época?

Luís Godinho: Um árbitro quando chega à 1ª categoria nacional da arbitragem portuguesa, tem como seu principal objetivo cimentar a sua forma de arbitrar, a sua postura, a sua personalidade e depois continuar a trabalhar cada vez mais e melhor para se manter no final da época. O primeiro ano numa categoria com este nível é sem margem para qualquer duvida uma enorme responsabilidade, pelo que o meu grande objetivo é trabalhar pela melhor classificação possível, tendo como grande preocupação fazer prestações muito positivas para depois se refletir na minha classificação e poder manter-me no final da época 2015/2016.

Tribuna Alentejo: Qual o grande sonho do Luís Godinho “árbitro”?

Luís Godinho: Como diz a velha expressão, o sonho comanda a vida e todos nós temos sonhos e eu não sou exceção. À medida que fui ascendendo de categoria a categoria, fui tendo sonhos, os mesmos que quando me iniciei nesta atividade mas o que se tornava certo, é que o grande sonho estava cada vez mais perto, o de chegar à 1ª categoria da arbitragem portuguesa. Hoje que alcancei este tão desejado sonho, tenho muitos mais, mas prefiro não falar deles. Uma coisa posso garantir, continuarei a ser esta pessoa simples e humilde a trabalhar para atingir mais e melhor e quem sabe, outro patamar, esse sim o sonho de todos os árbitros deste pais.