16 Setembro 2015      17:55

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LITERACIA FINANCEIRA – O DINHEIRO MULTIPLICA-SE MESMO!

Fecha-se hoje um ciclo de 7 crónicas sobre literacia financeira. Espero que durante estas 7 semanas o leitor tenha gostado do que tem aqui sido escrito. Mas o trabalho não está acabado: ainda falta a crónica de hoje.

Esta crónica mete bancos: esses malvados que só nos cobram comissões, que podem fazer com que eu perca tudo o que tenho e que não dão nada em troca. Três afirmações erradas: 1. é possível ter contas que não pagam comissões; 2. se tiver o dinheiro aplicado em depósitos à ordem ou a prazo tem o seu dinheiro garantido sem risco (a menos que tenha mais de 100.000€ no banco; e mesmo assim pode dividir o dinheiro por vários bancos); 3. o seu dinheiro multiplica-se. Mesmo!

A culpa do dinheiro se multiplicar tem um nome: taxa de juro. Se é verdade que pagamos taxas de juro pelos créditos que pedimos, também recebemos pelos depósitos que fazemos (ou outras aplicações).

Na semana passada referi que se juntar 50€ todos os meses durante 5 anos pode ter um valor superior aos 3.000€ que resultam da soma dos 50€ todos os 60 meses. A verdade é que, com uma taxa de juro de 1%, daqui a 5 anos terá 3.074,95€. Acha que não faz grande diferença? Dê-me os 75€ então (e em vez de 5 cêntimos de troco ainda lhe do 10).

É a taxa de juro que permite que o dinheiro se multiplique e que faça com que as suas poupanças vão aumentando. Como é óbvio, à medida que a taxa de juro aumenta, o volume de juros também é maior. E este processo multiplicativo pode ser-lhe muito útil…

Por exemplo, 2.500€ hoje, com uma taxa de 1%, valem 2.627,53€ daqui a 5 anos; 2.761,56€ daqui a 10 anos ou 3.050,48€ daqui a 20 anos. Mas se tiver uma taxa de juro de 2%, esses valores vão ser, respetivamente, 2.760,20€, 3.047,49€ e 3.714,87€. Ou seja, o processo multiplicativo é bem maior. Se o guardar debaixo do colchão, terá sempre 2.500€… e é preciso que os amigos do alheio não descubram!

Mas agora vamos fazer umas contas ao contrário. Suponha que eu chego à conclusão que, para manter o meu nível de vida, preciso de 1.000€ mensais. Multiplicado por 12 meses, significa 12.000€ anuais. Suponha ainda que calculo que após a reforma vou viver 20 anos. Isso significa que vou precisar de 240.000€ para a minha reforma. Considere ainda que quando me reformar a Segurança Social me garante uma reforma de 500€ mensais (por algumas previsões atuais isso não é propriamente mau…). Significa que mesmo assim tenho que arranjar os outros 120.000€.

Com 34 anos acabados de fazer, e assumindo que me vou reformar aos 65 anos (quem me dera…), tenho 31 anos para poupar para a minha reforma. Isso significam 372 meses. Dividindo 120.000€ por 372 significa que terei que poupar 322,58€ por mês. Mas isto é se não houve taxa de juro! Porque com uma taxa de juro de 1% ao mês, “apenas” tenho que poupar 275,29€ por mês. Se a taxa de juro for de 2% esse valor baixa para 233,11€ por mês. E se for de 3% nem chega a 200€. O dinheiro multiplica-se mesmo!

Obviamente que isto é verdade para um rapaz novo como eu (se perguntar aos meus filhos eles não me acham novo…). Se a si só lhe faltarem 20 anos para a reforma e quiser chegar ao mesmo valor, tem que fazer um esforço mensal maior. Mas se tem 25 anos e espera reformar-se aos 65, para chegar aos mesmos 120.000€, com uma taxa de juro de 1% basta poupar cerca de 200€ por mês.

E é por isso que poupar quanto mais cedo melhor! Porque ninguém sabe o futuro! E é por isso que o deve ensinar desde cedo aos seus filhos (ou netos, se for o caso)… E foi por isso que dediquei as últimas 7 crónicas a este tema…