9 Setembro 2015      10:37

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LITERACIA FINANCEIRA – CRÉDITO (INCLUI CARTÃO!)

Em 2012 uma instituição financeira garantia créditos com “oferta diversificada de pra­zos, com mensalidades que se adaptam ao seu orçamen­to e com taxas fixas desde o início ao fim do contrato”, com taxas de juro a partir de 13,25%. Em 2015 a mesma instituição financeira garante créditos com “oferta diversificada de pra­zos, com mensalidades que se adaptam ao seu orçamen­to e com taxas fixas desde o início ao fim do contrato”, com taxas de juro a partir de 15,2%. Além dos quase 2 pontos percentuais, quais as diferenças? Nenhuma…

Na altura fiz várias simulações de créditos pessoais, para diferentes valores, com diferentes prazos e taxas de juro. Para um crédito de 4.000€, o pagamento das prestações totais (juro mais amortização do empréstimo) podia chegar aos 5.239,76€. Para um crédito de 10.000€, os pagamentos podiam chegar aos 15.569,28€. E isto excluindo comissões!

Estes números chamam a atenção a várias questões essenciais. Em primeiro lugar, apenas deve pedir crédito para algo que necessite na realidade. Para ir trabalhar precisa de transporte e não tem dinheiro para comprar um carro? Pois, nesse caso parece que não tem alternativa ao crédito. Mas tem alternativa ao carro topo de gama, cheio de funcionalidades (algumas que nem utiliza). Dimensione sempre o que compra em relação ao que necessita. Mas procure também diferentes instituições de crédito, peça diferentes simulações, discuta as condições.

O mesmo é válido para o crédito à habitação. Vá ao banco discutir o seu spread. Peça a um amigo que perceba destas coisas e ele que discuta com o seu gestor de conta. Mas não se esqueça de conhecer as letras pequenas: as condições associadas ao empréstimo. Leia tudo! Discuta tudo. PERCEBA TUDO!

Mas agora regresse ao exemplo do carro. Imagine que o carro que quer comprar custa, digamos, 10.000€ (se achar muito, coloque outro valor qualquer). Imagine que segue todas as dicas que foram apresentadas nas últimas semanas e que isso lhe permite poupar 50€ por mês e que fez isso nos últimos 5 anos. Esses 50€ valem hoje, pelo menos, 3.000€. Mas até podem valer mais (para a semana vai perceber). Isto significa que, começar a poupar, permite gastar menos em crédito e juros. Ou seja, começar a poupar permite… poupar! (afinal está tudo relacionado…).

E por fim, como prometido no título: cartões de crédito. Os cartões de crédito, esses cartões imundos, usurários, que são muito caros, que obrigam a pagar juros. Não é? Pois não… Saiba que o cartão de crédito é o único instrumento que lhe permite ter crédito nos bancos sem pagar um único cêntimo de juros. Confuso?

De facto a utilização de um cartão de crédito não obriga ao pagamento de juros desde que a modalidade escolhi­da seja a do pagamento a 100%. O que é que isso sig­nifica? Suponha que vai ao supermercado e utiliza 100€ do seu cartão de crédito. Considere que o extrato sai no próximo dia 7 e o pagamento é feito no final do mês (es­tes prazos dependem de cliente para cliente). Se o cliente tiver a modalidade de pagamento de 100%, no dia em que é feito o pagamento, o banco retira os 100 € e, não ficando nada em dívida, não paga juros. Claro que se tiver outra qualquer modalidade, a história muda. Por exem­plo, se tiver a modalidade de 20%, pagará 20 €, e os res­tantes, esses sim, ficam sujeitos ao pagamento de juros (que não são propriamente baixos). Mas utilizado a 100% permite-lhe até perto de 50 dias de crédito gratuito. Sem custos financeiros. E que até lhe pode render juros… É só saber utilizar! (e ser disciplinado, claro!)