18 Dezembro 2015      18:30

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A GRANDIOSA MABALA DO ALENTEJO

Mabala é o nome do projeto de Isabel Anastácio, de 57 anos, que desde que se mudou para o Alentejo em 1984 já viveu em S. Pedro do Corval, em Bicos, perto de Cercal do Alentejo, em Évora e em Vale Figueira, perto de Melides. Atualmente vive em Grândola. De Lourenço Marques, terra onde nasceu, trouxe consigo a Mabala, a cor, que recria através de malas, ganchos, pregadeiras, enfeites de Natal... feitos em feltro, em lã e em algodão. Fique a conhecer estas peças únicas em https://www.facebook.com/mabalamabala/timeline e no sítio da internet http://www.mabala.pt

 

 

Tribuna Alentejo – Isabel, o que esteve na base da mudança de terras alentejanas e que principais diferenças encontra de umas para as outras?

Isabel Anastácio – As mudanças entre localidades, aqui no Alentejo, foram essencialmente por razões pessoais. De início, com os filhos pequenos, vivemos no campo. Depois, por causa das Escolas, mudámo-nos para Évora onde não estariam dependentes para as suas deslocações e por lá ficámos 15 anos. Quando saíram de casa, para irem às suas vidas, mudei-me novamente, desta vez para ao pé do mar. As saudades da praia, inevitáveis numa moçambicana.

Quanto às diferenças entre as várias regiões, o que constatei é que quanto mais nos aproximamos do litoral mais calorosas e extrovertidas são as pessoas. Talvez por maior contacto com estranhos/estrangeiros.

Tribuna Alentejo – Qual a sua relação com o Alentejo e que influência tem nas peças que produz?

Isabel Anastácio – Quando vim de Moçambique para Lisboa, em 1972, foi um choque tremendo! Nunca me adaptei, senti-me sempre “emparedada”. Até que um dia, “descobri” o Alentejo, cenário muito semelhante ao africano e onde me sinto, finalmente, em casa. Me sinto eu. Considero-o o último paraíso na Europa, temos espaço, espaço, espaço a perder de vista, paisagens inacreditáveis, uma gastronomia fabulosa, bons vinhos, o Cante, uma gente muito verdadeira, enfim… uma qualidade de vida invejável e cada vez mais rara.

Quanto à influência, espero que as minhas peças reflictam o meu grande amor pela natureza que, aqui, nos entra literalmente pela casa adentro. Já o meu uso das cores, deve-se a uma boa mistura de 14 anos de África e dos campos alentejanos na Primavera.

Tribuna Alentejo – Que circunstâncias ditaram o nascimento da Mabala?

Isabel Anastácio – Foi um acaso, como aliás tem acontecido com quase tudo o que tenho feito na vida.

Prometi à minha filha umas almofadas para o seu sofá novo. E descobri que adorava bordar. Daí passei às pregadeiras, aos mobiles, tricô, colares, brincos, etc. e irei por aí fora, espero eu que sempre com o mesmo entusiasmo, experimentando coisas novas.

(Levo muito a sério uma frase do Agostinho da Silva que diz mais ou menos isto: “Não faça muitos planos para a vida, deixe um espaço para os planos que a vida tem para si.” E, na verdade, tenho tido muita sorte, eu e a vida temos feito bons planos.)

 

Tribuna Alentejo – O gosto pelo artesanato sempre existiu ou foi uma competência que adquiriu mais tarde?

Isabel Anastácio – Sempre existiu, mas enquanto consumidora. Só há mais ou menos 4 anos, quando cessei a minha atividade em Évora e me mudei para Vale Figueira, é que comecei. Pelas tais almofadas…

Tribuna Alentejo – Como define este projeto e como descreveria a sua ligação à Mabala?

Isabel Anastácio – Este projeto É o meu trabalho, a minha forma de me realizar e gostaria de acreditar que as minhas “mabalices” trazem alguma cor e alegria a quem as usa. Identifico-me totalmente com o que faço. Eu sou a Mabala, deito-me e acordo a pensar em cores, em novas formas e técnicas para as próximas “mabalices”.

Tribuna Alentejo – Para além da cor, o que mais podemos encontrar nestas peças? O que transmitem?

Isabel Anastácio – Originalidade, espero eu. E também que seja percetível o amor e cuidado com que são feitas. Por exemplo, uma pregadeira leva 3 horas a fazer, como se fosse uma pequena joia. Além de que não há 2 peças iguais, seja por diferirem na cor, no tamanho ou no bordado.

Tribuna Alentejo – Como se podem adquirir?

Isabel Anastácio – Online, através do site www.mabala.pt ou pela página do Facebook, www. Facebook.com/mabalamabala. E também em exposições temporárias que se realizam aqui em Grândola.

Tribuna Alentejo – Há alguma peça que tenha criado que nunca venderia?

Isabel Anastácio – Não. Tenho a mesma ligação a todas as peças e não vender nenhuma seria complicado… Assim, são todas para venda.

 

Tribuna Alentejo – Podemos encontrar a Mabala representada em feiras de artesanato?

Isabel Anastácio – Sim. Aqui em Grândola todo o ano e, durante o Verão, em Melides e no Parque de Campismo da Galé.

 

Tribuna Alentejo – Que desejos tem para a Mabala?

Isabel Anastácio – Que continue a crescer, com novos clientes, novos produtos e sempre com muita cor e algum humor.