1 Outubro 2015      13:44

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FRACA QUALIDADE OU SISTEMA SATURADO?

Sou um cidadão atento às campanhas políticas desde que tenho idade para votar, quer se trate de campanha autárquica, legislativa ou europeia e olho com atenção para vários factores: os programas eleitorais, as ideologias políticas, as acções dos partidos junto da população e a tendência de voto dos eleitores.

Nestas eleições legislativas tenho notado fenómenos muito interessantes, como o fraco debate de ideias (incluindo o escasso recurso à discissão de programas políticos, com excepção mais ou menos feita ao PS e Coligação), a ausência cada vez maior de ideologia, a acção artificial dos autores políticos junto da população (com o camuflar de números e factos, consubstanciados num certo ajustamento da realidade), e por fim, a tendência de voto cada vez mais a engordar a abstenção, apontando novamente para a vitória do voto branco.

Nesta medida, podemos entender dois cenários no que toca o desenrolar destas eleições: por um lado a fraca qualidade dos políticos à corrida eleitoral; e por outro, a saturação do sistema político.

O primeiro cenário traduz-se no desgaste do discurso, de intervenções superficiais baseadas em diagnósticos e sem exibição de inovação ou soluções, na aposta em “frases feitas” popularizando o discurso político que devia ser sério, profundo e focado na resolução de problemas.

O segundo pela saturação do sistema, em que as pessoas percebem que elegem deputados pela região (e não directamente o primeiro-ministro) e consideram-se mal representadas por estes, sendo, em muitos casos, indivíduos com assento parlamentar para servir um partido e não a defesa dos problemas dos eleitores. Isto gera descrença no sistema e seu processo de funcionamento, alimentando a ideia de que “não vale a pena” acreditar porque as coisas não vão mudam.

Posto isto, será a fraca qualidade das personalidades políticas, ou o próprio sistema que está desgastado e saturado? Penso que seja um pouco dos dois, e penso que é necessária uma mudança significativa no sistema político português, com vista a uma maior participação dos cidadãos, envolvimento das pessoas e ao aumento do interesse pela polítca por parte dos jovens. Hoje as pessoas não se revêm na política e nos partidos políticos e isso revela um sinal importante que deve ser tomado em conta no desenvolvimento da nossa democracia.