7 Junho 2015      10:30

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FIGOS DO DIABO ESTÃO NA MODA

Chamam-lhe muita coisa, e isso quando os conhecem. De piteira a tabaibo, passando por figo do diabo, mas mais conhecido por figo da Índia (Opuntia ficus-indica) é um cato que cresce em regiões semiáridas, como o Alentejo.

Existente há cerca de 9000 anos e em algumas culturas sul-americanas é tão importante como o milho. Terá chegado à Europa por volta de 1500 por mão de navegadores espanhóis.

É um cato suculento, ramificado, e grande. Pode chegar aos 3 metros de altura e os ramos são achatados. As flores são amarelas ou laranjas, como os frutos que se destacam pela sua suculência e por serem ricos em açúcar, potássio, magnésio, cálcio e vitaminas C, A, B1 e B2.

São utilizados no fabrico de alguns produtos farmacêuticos – sobretudo para o tratamento de doenças urinárias, das vias respiratórias ou como diurético – e das sementes extraem um óleo, algo semelhante ao "aloe vera", e que é utilizado para produtos de cosmética.

Conta a tradição alentejana que acompanham comidas como o gaspacho ou a sopa de tomate, que das flores – após estarem secas – se faz chá, e que uma folha aberta, onde se deita açúcar em quantidades generosas, posteriormente fechada, atada, pendurada e deixada a pingar faz milagres contra a tosse.

Pode comer-se de várias formas, fresco ou seco, mas também em sumos ou até bebidas alcoólicas.

Em Portugal sempre foi consumido, mas de forma esporádica e por pouca gente. Só em 2009 passou a ser cultivado e pouco depois foi criada uma associação para os proteger, a AFROFIP. Estima-se que, este ano, sejam produzidas cerca 80 toneladas de figos da Índia, num mercado onde, na Europa, a Itália domina com cerca de 3500 ha de plantação e uma produção total de 70 mil toneladas de fruto.  

Uma gestora lisboeta, Teresa Laranjeiro, quis mudar de vida, veio para o Alentejo há 15 anos - tem 14 hectares no Vimieiro, em Arraiolos (Portalegre) - e dedicou-se à produção destes figos. O projeto correu de tal modo bem que venceu o prémio “Intermarché” Produção Nacional 2015.

Disse ao “Expresso” que a escolha em dedicar-se aos figos da Índia teve a ver com o facto de procurar “um modo de produção biológico, inovador e sustentável, sem intervenções profundas no terreno”.

Em 2012, e em conjunto com a filha, lançaram três candidaturas ao PRODER:  Sobremesa da Vida (plantação de figueiras da índia), a Cactus Extractus (para transformação) e a Chá Bravo (cultivo de ervas aromáticas).

Em seis hectares da quinta, plantaram 6000 palmas; estudaram, apostaram e transformaram a utilização genérica dos figos da Índia, tendo já criado a sua própria marca de óleo facial, o Alchemy, que já está em venda em Estremoz e feiras sustentáveis, bem como lojas de produtos naturais em Évora e Lisboa.

 

Quer saber como descascar um destes figos? Assista ao vídeo.

 

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