27 Maio 2015      10:49

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ESTAR ERRADO E NÃO MUDAR É MUITO PIOR QUE EMENDAR O ERRO

A manipulação estatística pura e simples, consubstanciada através de uma interpretação fantasiosa, aliada à propaganda pura e dura, adornada de mentira, permitiu e fundamentou a aplicação de uma dose excessiva de austeridade ao povo português, o que, para além de censurável, revela os contornos de malvadez determinados pela execução do programa ideológico, predominante na união europeia, de empobrecimento de uns (muitos) e o enriquecimento de outros (poucos). E assim, vivemos mergulhados na sensação de trabalhar muito para nada, embebidos numa atmosfera mental ardilosa que nos domina pelo stress e pela desorientação.

Para o caso português, mais relevante do que a aplicação de um programa de austeridade financeira, teria sido a implementação de medidas convincentes, eficazes e duradouras de combate à corrupção e evasão fiscal, bem como a execução das reformas necessárias, sempre adiadas, que os sucessivos governos da república portuguesa deveriam ter consumado e teimaram não realizar, apontando invariavelmente o fracasso da situação a que chegámos aos governos anteriores. Haja coragem política!

Com o aproximar do período de campanha eleitoral chegará a época dos discursos manipuladores, impregnados de patranhada, ao serviço dos interesses eleitorais - fase do vale tudo - na tentativa desesperada de enganarem eleitores.

No entanto, acredito que os próximos resultados eleitorais demonstrarão que o povo português não aceitará fazer menos com menos no logro da propaganda política de fazer mais com menos.

É um facto que em política recorre-se frequentemente à mentira e, evidentemente, é mais fácil enganar uma população pouco informada do que uma bem informada. Aceito que no âmago do combate político possam surgir mentiras a respeito do presente ou do passado, caberá a cada um de nós procurar o contraditório em busca da verdade. Contudo, em que medida se pode mentir a respeito do futuro?

Construir a alternativa política credível é ser capaz de atrair e produzir os melhores talentos no seio de uma cultura democrática, focada no sucesso coletivo de um povo. Dedicar-se a uma vontade e vencer etapas. Quantos dos "Homo politicus" estarão disponíveis e dispostos a agir e a promover a mudança ao invés de contribuírem, apenas, para a emenda dos erros cometidos de forma continuada em Portugal? E quantos de nós estaremos disponíveis para apostar na mudança?