27 Novembro 2015      11:10

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"ESTAMOS PERANTE UM CENÁRIO INENARRÁVEL"

Tem 47 anos, já foi empresário, técnico superior e especialista ligado aos fundos comunitários, formador, professor e desempenhou inúmeros cargos políticos. Hoje é deputado na Assembleia da República, eleito pelo PSD (PàF), depois de um período considerável na gestão do último quadro comunitário e à frente do Alentejo 2020, ao atual Programa Operacional do Alentejo. Dele dizem os amigos e colegas de trabalho que é afável, focado e mobilizador. Falamos de António Costa da Silva, com quem estivemos à conversa.

 

Tribuna Alentejo: Depois do seu percurso profissional e político no Alentejo, encabeçar a lista de deputados por Évora pelo PSD foi uma escolha natural?

António Costa da Silva: Numa primeira fase foram solicitados 6 nomes pela Comissão Política Nacional à Comissão Política Distrital do PSD. Após um processo de eleição interno surge o meu nome como potencial cabeça de lista. No entanto, segundo os Estatutos do PSD, cabe ao Presidente do partido escolher os cabeças de lista dos diferentes círculos eleitorais. Foi assim que surgiu o convite pelo Dr. Pedro passos Coelho, Presidente do PSD. Neste caso, houve uma coincidência entre a escolha do Presidente do PSD e os Órgãos Distritais na escolha do meu nome.

 

Tribuna Alentejo: As campanhas são o que são e fica-se sempre ou quase sempre com a ideia que não se discutiu o essencial. Que ideias, que projetos gostaria de ter visto debatidos na campanha?

António Costa da Silva: Genericamente foram discutidos os principais temas que preocupam a nossa região: Questões como o emprego e a competitividade regional, solidariedade social para com os mais desfavorecidos, necessidade da melhoria e conclusão de rede de investimentos que promovam a coesão territorial, melhorias do Sistema Nacional de Saúde, promoção e desenvolvimento do sistema educativo, politicas de incentivo à natalidade e de fixação e captação da população, etc, etc.

 

Tribuna Alentejo: Houve algum momento mais difícil na campanha?

António Costa da Silva: Não encontro nenhum momento em especial.

 

Tribuna Alentejo: E o momento alto?

António Costa da Silva: Foram vários: desde a presença dos lideres do PSD e CDS-PP no Distrito de Évora. Um momento muito importante! Vários momentos de forte mobilização em todo o distrito. A participação de inúmeros notáveis do Distrito na Comissão de Honra; A envolvência muito coesa de toda a estrutura de campanha (os 2 partidos da Coligação Portugal à Frente, dos Elementos da Lista, ao Mandatário da Campanha e Diretor de Campanha). Incluindo o dia do encerramento da campanha.

 

Tribuna Alentejo: Como foi vivendo a evolução das sondagens?

António Costa da Silva: Com toda a naturalidade para quem já viveu diferentes momentos eleitorais.

 

Tribuna Alentejo: O que sentiu quando percebeu que realmente havia sido eleito?

António Costa da Silva: Uma grande satisfação, mas com humildade democrática e sentido de dever. É uma honra poder ser um dos representantes do distrito de Évora na Assembleia da República. Também uma grande responsabilidade.

 

Tribuna Alentejo: O que se pode esperar de António Costa da Silva deputado?

António Costa da Silva: Vou dar o meu modesto contributo em defesa do meu País. Naturalmente com um olhar muitos especial na defesa do Alentejo e dos alentejanos. Com um olhar muito especial para os mais frágeis e desprotegidos.

 

Tribuna Alentejo: E como vê a situação política atual?

António Costa da Silva: Vejo com enorme preocupação. Existe um ambiente muito estranho em termos políticos. Estamos perante um cenário inenarrável, os perdedores das eleições de 4 de outubro a governar o País. Estamos perante um cenário em que o principal perdedor, António Costa (PS), vai governar em minoria. Vai governar com apoio dos partidos radicais de extrema-esquerda (BE, PCP e PEV). Partidos com um conceito de sociedade completamente diferente dos restantes partidos portugueses. Esta situação é constitucionalmente possível, mas politicamente ilegítima e eticamente reprovável. Os nossos cidadãos não conseguem compreender esta situação.

 

Tribuna Alentejo: Esta alteração de Governo trará alterações no seu modo de estar, na sua postura na Assembleia?

António Costa da Silva: Não. Porque respeitarei sempre as regras democráticas na defesa do meu País. Apesar de termos um Governo que é politicamente ilegítimo, farei a devida oposição democrática.

 

Tribuna Alentejo: E como é a sua relação com os outros deputados alentejanos, quer os do seu partido, quer os restantes?

António Costa da Silva: Muito cordial e não podia ser de outra forma. Apesar de pensar de forma diferente, respeito as suas ideologias e opiniões. É claro que a minha relação com os deputados do PSD, eleitos no Alentejo, é muito mais próxima. Vamos participar e promover iniciativas comuns. Por exemplo uma que vai ocorrer dia 12 de dezembro promovida pela JSD.

 

Tribuna Alentejo: Como vê o futuro político português?

António Costa da Silva: Com muita preocupação. Os tempos mais próximos vão ser extremamente difíceis. Estas alterações políticas criaram uma grande desconfiança entre os principais partidos políticos. Várias convenções foram quebradas nos últimos tempos. Estas alterações políticas vão gerar grandes desconfianças nos principais investidores nacionais e internacionais. Significa que corremos o risco de ter menos investimento, logo um efeito negativo no emprego. Espero estar enganado!

 

Tribuna Alentejo: Referiu recentemente que o Alentejo tinha dado um salto qualitativo nos últimos anos ao nível científico, tecnológico, etc. com investimentos em barragens e no desenvolvimento de projetos turísticos e que era preciso seguir este caminho. E agora? Continua a olhar para o Programa Operacional e a ver o Alentejo do mesmo modo que via na altura?

António Costa da Silva: Na realidade demos um salto positivamente significativo nos últimos anos. Foram realizados investimentos muito importantes que transformaram a região. Espero que assim continue! Repare-se nos inúmeros projetos turísticos (L´And Vineyards, Ecork Hotel, Vila Galé, Oliva Hotel, Moove Hotel, Marmóris, Herdade do barrocal, …) e industriais (EMBRAER e MECACRHOME) de alta qualidade. Repare-se nos investimentos no setor agrícola (barragem de Veiros, Vigia e Lucifecit e conclusão dos investimentos de Alqueva). Repare-se ao nível da transferência tecnológica e incubação de empresas (PCTA, Centro de Negócios do NERE, Incubadora EVORATECH, Incubadora da ANJE…). Repare-se nos investimentos do sector social e saúde. Espero que se continue a apostar nas áreas de competitividade regional e em projetos que promovam a coesão económica e social. Do tempo da discriminação positiva para a região já conhecemos os resultados. Acredito na diferenciação positiva regional. Devemos apostar naquilo em que somos mais fortes e competitivos.

 

Tribuna Alentejo: Na altura disse que se pudesse escolher um só projeto para o Alentejo que seria o Hospital Central de Évora. Essa escolha mantém-se? Que outros projetos gostaria de ver desenvolvidos?

António Costa da Silva: O Hospital Central do Alentejo em Évora continua a ser a prioridade. Faz todo o sentido dar uma resposta eficaz e eficiente nas diferentes valências na área da saúde. Não faz sentido continuarmos a transportar doentes (em algumas especialidades) para Lisboa. Salvar vidas deve ser a propriedade. Foram realizados investimentos importantes nos últimos anos (oncologia, serviços de urgência, dermatologia, etc), mas são manifestamente insuficientes. Teríamos duas opções: 1) melhorar as condições físicas do Hospital existente ou ; 2) Construir um hospital novo. A segunda hipótese parece-me ser a melhor solução. Parece-me fundamental apostar num novo equipamento e não num espaço claramente anquilosado, onde passa uma estrada nacional pelo meio (entre o Hospital Espirito do Santo e Hospital do Patrocínio).

A aposta no alargamento dos investimentos no regadio no distrito de Évora também devem ser prioridade. Alargar os investimentos do Alqueva a Reguengos de Monsaraz, Mourão e Viana do Alentejo devem estar na linha da frente das prioridades.

Devemos apostar nas áreas de grande dinâmica da região: Agroindústria; refrigeração e comercialização dos produtos agrícolas; ciência e tecnologia transferida para o sector empresarial; energias renováveis, rochas ornamentais, novas tecnologias, serviços ambientais e património, industrias culturais e criativas, economia social, etc, etc.